Estabilização da pandemia em Fortaleza depende do comportamento da população, segundo SMS

06/07/2020 - Adriana Albuquerque

Autoridades de saúde reforçam a importância do isolamento social como principal medida de enfrentamento ao novo coronavírus

Fortaleza iniciou nesta segunda-feira, 6, a terceira fase da retomada das atividades econômicas na cidade, mas com algumas restrições ao planejamento inicial. Em Boletim Epidemiológico divulgado na última sexta-feira (3), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) retrata uma redução dos casos de Covid-19, mas alerta que os dados podem sofrer alterações diante da mudança de comportamento da população em relação a taxa de isolamento social.

Teoricamente, interrupção ou reversão da tendência de declínio de casos e óbitos ainda poderá ocorrer por fatores externos, como àqueles relacionados às variações das Taxas de Isolamento Social”, diz em nota a Secretaria Municipal de Saúde.

Segundo o Boletim, “entre os dias 15 e 19 de junho ocorreu uma oscilação ascendente de casos. Por essa razão, o incremento dos casos suspeitos nos quatro últimos dias da série histórica deve ser acompanhado para aferição do desfecho laboratorial pois, em tese, a tendência de declínio ainda pode ser interrompida e até revertida por fatores externos”. Em análise das últimas cinco semanas epidemiológicas (período entre 29/05 e 03/07), os casos confirmados tiveram um incremento de 68,77%, passando de 21.389 pessoas infectadas (29 de maio) para 36.099 (3 de julho).

Em nota, a Secretaria de Saúde reforça que os resultados mostram um declínio da doença na Capital. “A média diária semanal de casos novos e mortes continua em declínio. A redução vinha perdendo velocidade nas últimas semanas. No entanto, a tendência de “lentificação” da queda da média diária semanal de ambos os eventos pode estar sendo modificada nos últimos dias, quando o número de casos e mortes voltaram a diminuir com maior velocidade. Estes são dados preliminares e ainda muito sensíveis a mudanças por inserção no sistema de notificações mais recentes”, destacou a SMS.

Segundo o órgão, Fortaleza registou dois momentos diferentes da doença. Com um primeiro pico voltado para incidência dos casos ocorrido entre as Semanas Epidemiológicas 17 e 19 (19/04 – 09/05), e um outro “pico” relacionado aos óbitos (mortalidade) no período entre as Semanas Epidemiológicas 19 e 22 (03/05 a 30/05).

Outro dado apontado no boletim foi a redução da positividade das pessoas testadas. No período de 21 à 29 de junho, a proporção de positividade das amostras de residentes de Fortaleza analisadas pelo LACEN-CE caiu para 24,4%, incluindo os exames que ainda aguardam resultado nos laboratórios privados.

Distribuição de casos por Regional

Os dois bairros com maior número de casos são de muito alto IDH (Meireles, Aldeota), reflexo ainda do início da epidemia, e de um maior acesso à testagem. Bairros populosos com alta letalidade (Barra do Ceará, Vicente Pinzon) ou onde o aumento da transmissão foi perceptível mais recentemente (Jangurussu, Passaré, Messejana) também tem registrado grande número de casos.

Incidência de casos – O aumento da transmissão foi perceptível em três bairros da Regional VI (Jangurussu, Passaré, Messejana), a mais populosa de Fortaleza. No entanto, a maioria dos bairros pouco adensados ainda registra menos de duzentos casos. Na Regional VI, o número de mortes nos dois principais aglomerados populacionais (Messejana e Jangurussu), não vem aumentando substancialmente (crescimento menor do que 10% na última semana) .

Letalidade – A grande maioria das mortes em Fortaleza ocorreu entre moradores de bairros de baixo e muito baixo IDH. A alta letalidade de alguns bairros de baixo IDH (Cristo Redentor, Cais do Porto, São João do Tauape, Autran Nunes), com elevado número de mortes e baixo número de casos, ainda indica testagem limitada (conforme Boletim Epidemiológico).

Flexibilização das atividades

Com a estabilização da doença em Fortaleza, epicentro da pandemia, o Governo do Estado do Ceará apresentou um Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais, mantendo a medida de isolamento social na Capital. Fortaleza já alcançou a Fase 3 devido a redução de casos da doenças e das taxas de mortalidade.

Mesmo com a redução dos índices, as autoridades de saúde alertam para a possibilidade de mudança no cenário pandêmico, com isso reforçam o isolamento social como medida de contenção da doença. Algumas cidade do interior do Estado não avançaram nas fases do Plano de Retomada e outros sete municípios (Sobral, Juazeiro do Norte, Iguatu, Tianguá, Crato, Barbalha e Brejo Santo) seguem em isolamento social rígido.

Foto: Mateus Dantas