O Ministério da Educação anunciou na quarta-feira (20), o adiamento do Exame Nacional de Ensino Médio Enem. A decisão só foi tomada após críticas e do Senado ter aprovado a suspensão das provas até o fim da pandemia.

O Inep, responsável por organizar o Enem, informou através de nota que “atentos às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação do exame nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”.

Mesmo com o adiamento das data de aplicação do Enem, as inscrições continuam até amanhã, 22 de maio. Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep realizará uma pesquisa em junho com os candidatos, por meio da Página do Participante, antes de divulgar as novas datas do Enem 2020.

Aqui no Ceará, muitas Universidades e Faculdades utilizam a nota do Enem para o ingresso no ensino superior. A Universidade Estadual do Ceará (UECE), por exemplo, utiliza a nota do exame para compor o corpo de estudantes da instituição. No entanto, o impacto com o adiamento do Enem recai sobre o calendário acadêmico.

“Para você ter uma ideia o nosso semestre 2019.2 iniciou em dezembro. Paramos em março devido a pandemia e nós já tínhamos 70% das disciplinas sendo desenvolvidas.  Atrasou o encerramento do semestre, com isso nós não sabemos quando iremos iniciar o semestre 2020.1. Só iremos realmente saber o impacto para os estudantes do Enem quando fizermos as matrículas dos aprovados no vestibular e vermos as vagas ociosas que serão disponibilizadas para estes candidatos”, relatou a pró-reitora Mônica Cavanhaque.

Segundo nota enviada pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), o calendário letivo segue impactado pelo contexto de pandemia, suspenso desde 17 de março. “O adiamento do Enem também já é consequência dessa situação. Atualmente, o IFCE está discutindo as providências quanto ao calendário letivo – levando em conta as medidas e decisões adotadas pelo Governo do Estado do Ceará no que diz respeito ao combate ao avanço da Covid-19 e uma possível retomada gradual das atividades econômicas e educacionais no estado. Ou seja: os impactos são inevitáveis – mas só será possível ter uma visão mais clara a partir do momento em que o novo cronograma do exame for divulgado pelo MEC/Inep” reforçou o Instituto Federal.

>> Vereadores defendem adiamento do Enem 2020

Reveja o que disseram os parlamentares

Os parlamentares também repercutiram sobre a pauta educação reforçando a importância do adiamento das provas do Enem para que os alunos, principalmente os que estudam em escolas públicas e que muitas vezes não tem acesso. O presidente da Comissão de Educação da Câmara, vereador Evaldo Lima (PCdoB), disse que o momento vivido pelo país ultrapassa as questões partidárias. “O que está em jogo é algo muito além de questões partidárias, é o respeito pela vida e pela dignidade humana. É o combate às desigualdades, pensando exatamente nos milhões de estudantes de escola pública em todo o Brasil que hoje seriam prejudicados com a manutenção do Exame Nacional do Ensino Médio”, disse.

O vereador Guilherme Sampaio (PT) achou acertada a decisão do Senado Federal em adiar o Enem 2020. “A decisão do Senado foi categórica por expressar um recado claro ao presidente da República e para o ministro da Educação. O Congresso Nacional não vai aceitar que se ande para trás com as conquistas alcançadas. A decisão faz justiça a reivindicação dos estudantes que não tem acesso a internet, principalmente das camadas mais pobres que iriam ver suas chances reduzidas. É uma vitória da educação e dos estudantes do Brasil”, pontuou.

O vereador Professor Elói (Patriota) parabenizou o Senado pela aprovação do adiamento do Enem. “Foi uma das medidas mais acertadas para o momento dessa pandemia, pois a população pobre do país estaria prejudicada devido a falta de acesso à internet, além da paralisação das aulas. O adiamento equipara não 100%, mas é uma equiparação para que as pessoas mais humildes possam ter acesso as universidades”, ressaltou.

Foto: Mateus Dantas