Saúde mental de adolescentes requer atenção, destaca especialistas

14/09/2021 - Adriana Albuquerque

A Agência Fortaleza conversou com os psicológicos Caio Ferreira e Sávio Rodrigues sobre os impactos da ansiedade no desenvolvimento de crianças e adolescentes

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Falta de sono, medo, dores de cabeça e queda do rendimentos escolar, são alguns dos sintomas que podem acender um alerta para a saúde mental em crianças e adolescentes. Durante a pandemia, como reforça o psicólogo Sávio Rodrigues, a situação agravou os casos de ansiedade e depressão na sociedade como um todo, mas com uma atenção para o público em idade escolar e em desenvolvimento.

Segundo os especialista a saúde mental integra uma parte importante na formação do indivíduo na construção da personalidade e na capacidade de resolver problemas e identificar os seus medos. A infância é responsável 70% dos ensinamentos e crenças, que serão consolidadas na adolescência.

Recentemente uma pesquisa realizada pela Universidade de Calgary no Canadá, pela psicóloga Sheri Madigan, analisou 29 estudos do mundo com dados de 80 mil crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos, revelando a suscetibilidade de adolescentes no desenvolvimento da ansiedade e depressão. Dados que segundo a pesquisadora não eram esperados: “eles (adolescentes) seriam mais resistentes e maleáveis aos desafios da pandemia”.

E para este público que os psicólogos Caio Ferreira e Sávio Rodrigues reforçam a necessidade de uma atenção especial. Os adolescentes, segundo os profissionais, estão na fase de consolidação do aprendizado e formação do indivíduo.

“Eles têm uma saúde mental mais sujeita a ataques. Os adolescentes são sujeitos em formação, e um indivíduo em crescimento fica mais sujeito a ataques, apresentando sinais de depressão e crises de ansiedade”, ressalta Sávio.  

Para Caio Ferreira nesta etapa da vida é importante reforçar o autocuidado: “são pessoas que ainda não têm informação sobre o autocuidado. Pessoas em que todo cuidado é pouco e que podem crescer como adultos frustrados em pontos específicos e claro existe ajuda e acolhimento, e falar de saúde mental é um processo a longo prazo. O acolhimento para o jovem é crucial”.  

Cenário que destaca o papel da família, escola e rede de apoio. O processo tem início com a identificação dos sinais de alerta como comportamento agressivo, humor efeito gangorra, tendência ao isolamento, além de observar o ciclo social e desenvolvimento de linguagem.

Sávio Rodrigues destaca o trabalho conjunto no acompanhamento dos adolescente, com interação entre profissionais e atitudes em casa. “Ansiedade é um processo natural mas quando isso começa a ser mostrar de forma excessiva representa um problema e devemos procurar trabalhar o tema”.

Para tratar da ansiedade, a família pode adotar atitudes que demostrem a compreensão do momento, com a diminuição de cobranças e atividades de relaxamento, criando um ambiente leve e desimpedido, como reforça o psicólogo.

“A pandemia veio para complicar algo que já estava bem pesado para todos. De uma maneira geral, a pandemia tirando os alunos da escola tira deles uma oportunidade de crescimento. Todos nós envolvidos com a questão nos perguntamos o tamanho do prejuízo que isso tem gerado, são medidas difíceis e complicadas, mas que não podemos deixar de questionar sobre o tempo que levaremos para se recuperar”, apontou.

Foto: Érika Fonseca