Indígenas e pobres são mais vulneráveis à Covid-19, segundo estudo

24/09/2020 - Ana Clara Cabral

Muitas pessoas vivendo em um meio ambiente e dificuldades de acesso à saúde foram apontados como as principais causas.

Comunidade indígena TAPEBAS

Um artigo publicado no The Lancet Global Health ontem (23) e assinado por pesquisadores de diversas universidades brasileiras reforça os indícios de maior vulnerabilidade à Covid-19 entre os indígenas e população pobre. A pesquisa foi realizada a partir de cálculos de exames sorológicos que detectam anticorpos no sangue.

Segundo os pesquisadores, o número de indígenas infectados em algum momento pelo novo Coronavírus é de 6,4%, e em pessoas brancas, 1,4%. Ou seja, mais de quatro vezes maior. Na parcela 20% mais pobre da população a prevalência foi de 3,7%, mais do que o dobro do encontrado entre os 20% mais ricos, que foi de 1,7%.

A diferença foi explicada por um “conjunto de fatores que afetam a população não só no atual contexto de pandemia, como alta densidade de pessoas vivendo em um mesmo ambiente, pobreza e dificuldades de acesso à saúde”.

Destaque foi dado para a alta concentração de infectados em 11 cidades ao longo do rio Amazonas, contradizendo o senso comum de quem em locais com altas temperaturas o vírus não sobrevive. Além disso, também foi observada rápida escalada de infecções no Norte e Nordeste.

Das 34 cidades com prevalência da doença maior que 2%, 11 estavam no Norte; 14 no Nordeste e três no Sudeste.

Saiba mais:

  • O estudo foi feito por meio de duas pesquisas em domicílio, testando 25 mil participantes em maio e 32 mil em junho, escolhidos aleatoriamente;
  • De maio a junho o estudo constatou a nível nacional o aumento do número de casos em pessoas com 20 a 59 anos;
  • Casas com muitas pessoas também foi um fator de maior prevalência, chegando a 4,4% em domicílios com seis ou mais pessoas.

Foto: Érika Fonseca