Obesidade é fator de risco para Covid-19, segundo estudo

21/09/2020 - Anna Regadas

O estudo serve de alerta para que as pessoas com obesidade tomem precauções extras para evitar a contaminação do novo coronavírus.

Estudo coordenado pela professora Silvia Sales da Universidade de São Paulo (USP) em Bauru, apontou que a obesidade em si é um fator de risco para pacientes diagnosticados com a Covid-19, independentemente de idade, do sexo, da etnia ou da existência de comorbidades como diabetes, hipertensão, doença cardíaca ou pulmonar. O estudo serve de alerta para que as pessoas tomem precauções extras para evitar a contaminação do novo coronavírus e adotem uma alimentação mais saudável e pratiquem atividade física, a fim de melhorar a imunidade.

De acordo com a pesquisadora, um dos fatores que contribui para o agravamento da doença no organismo obeso é a capacidade limitada de produzir anticorpos e interferons, que é uma classe de proteínas secretada por células de defesa e essencial para inibir a replicação viral. Silvia também revela que o tecido adiposo funciona como uma espécie de reservatório para o vírus, mantendo-o assim por mais tempo no organismo.

A endocrinologista Érika Assis afirma que a obesidade se trata de uma inflamação crônica e que por o organismo estar nesse estado inflamatório, ele não tem a mesma capacidade de se defender da infecção. “Ele tem defesa, mas é uma defesa que age mais devagar e agora com a Covid-19 vem se mostrando um fator de risco que pode sim agravar a doença”, apontou.

A pesquisa revela que o aumento excessivo das células adiposas nas pessoas obesas faz com que a tempestade de citocinas inflamatórias desencadeada pelo SARS-CoV-2 seja ainda mais lesiva ao pulmão. Segundo a endocrinologista, os obesos já costumam apresentar a função respiratória prejudicada, pois o tecido adiposo comprime o diafragma e impede a movimentação normal do órgão, estando assim, conforme o estudo, mais predispostos a depender de ventilação mecânica. Ao precisar ser entubado, Érika afirma que quando se trata de um paciente com obesidade é mais difícil de se chegar na base do pulmão e fazer com que o ar chegue até lá.

Para uma pessoa ser considerada obesa, o critério mais utilizado é o índice de massa corpórea (IMC). Érika explicou o cálculo: divide-se a massa (em quilogramas) do indivíduo pelo valor da altura (em metros) ao quadrado. Caso o resultado seja maior ou igual a 30 Kg/m2, considera-se o indivíduo obeso. E ai quanto maior o IMC maior o grau da obesidade.

O estudo, conforme Érika, serve de alerta para que as pessoas procurem ter uma alimentação melhor e pratiquem atividade física. “Tem muitos alimentos que vão trazer a inflamação como os processados, fast food e industrializados que possuem gordura trans como sorvete, lasanha. Então é importante buscar uma alimentação mais natural, com fruta e verdura, coisas com fibra pois isso vai melhorar o estado inflamatório. Com essa mudança, a perda de peso vem com o tempo. A atividade física também é fundamental pois melhora a imunidade”, destacou.

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