A Câmara Municipal de Fortaleza realizou, na manhã desta segunda-feira (27), uma solenidade em homenagem aos 20 anos do grupo Nóis do Teatro, do Grande Bom Jardim. A iniciativa de celebração foi da mandata Nossa Cara (Psol), através do requerimento nº 5847/2022.

“O Nóis de Teatro é um grupo de teatro de rua existente desde 2002. Composto por artistas e ativistas em sua maioria negras e negros, o Nóis carrega ampla experiência estética de luta social onde, a partir do olhar sobre a periferia da cidade, constrói uma relevante ação cultural no estado. A sede do grupo tem sido espaço de circulação e produção de bens culturais, lugar onde os participantes realizam noites culturais e oficinas para a comunidade. Fortalecido em seu território, o Nóis tem ampliado suas atividades, participando de grandes mostras, encontros e festivais, com ações já realizadas em 18 estados brasileiros”, justificou Adriana Nossa Cara (Psol).

São destaques do repertório do grupo os espetáculos: “A Granja”, “Sertão.doc”, “Quase Nada”, “Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro”, “Ainda Vivas”, além das performances anuais da sua intervenção urbana “O Jardim das Flores de Plástico”.

Na ocasião, as co-vereadoras da mandata se dividiram no pronunciamento. “O dia de hoje, 27 de março, é comemorado o Dia Mundial do Teatro. Importante também lembrar que hoje é o Dia Nacional do Circo, e por isso reiteramos a relevância dos artistas circenses e os pequenos circos que democratizam o acesso à arte nos territórios”, disse Adriana Nossa Cara (Psol).

A vereadora ainda ressaltou: “o teatro de rua é um teatro de ocupação da cidade, onde os grupos, companhias, atrizes e atores ocupam praças, ruas, calçadas, mercados e feiras como cenário para encenação de peças teatrais. O teatro de rua tem uma relação com a cidade, pois transgride as paredes dos teatros tradicionais e vai ao encontro do público. Um teatro que é anunciado, mas que ao mesmo tempo é espontâneo por atrair os transeuntes dos espaços públicos”.

Já a co-vereadora Lila Salu, usou a tribuna para pedir ao Município mais investimentos de acesso à arte e à cultura para a periferia de Fortaleza: “na contramão desse contexto, o grupo Nóis de Teatro se forjou na periferia da cidade. Nesses 20 anos, o grupo resiste em sua comunidade desenvolvendo projetos culturais no Território Grande Bom Jardim, tornando-se uma das referências nacionais de trabalho artístico desenvolvido em periferia”.

Por fim, Louise Santana destacou a última produção do grupo, de 2019: “o Nóis de Teatro reúne no espetáculo Ainda Vivas, três peças que ligam mulheres, negros e LGBTQIAPN+ numa sucessão de jogos sobre amor, trabalho e morte. Numa cidade sonâmbula, pessimista e sem utopia aparente, Amok, Burnout e Anamnese se perguntam se ainda é possível um projeto político emancipatório para as nossas vidas”

“Comemorando seus 20 anos, o grupo lança a Escola de Teatros Periféricos. Percorrendo um percurso formativo pensado a partir de experiências artísticopedagógicas, periféricas e negroreferenciadas. Por tudo isso, nós, da Mandata Nossa Cara, reconhecemos e agradecemos o trabalho que o grupo Nóis de Teatro vem desenvolvendo, produzindo teatro sobre as dialéticas da cidade, as desigualdades e a construção de vida na periferia através da arte em coletivo”, concluiu a co-vereadora.

Além de uma apresentação musical do grupo, a solenidade contou com a declaração de Dorotéia Ferreira, que falou em nome do Nóis de Teatro: “não estamos só. Nós somos o Grande Bom Jardim, nós somos a cidade e o Brasil. Vinte anos de Nóis, de nossa existência, de nosso complexo trabalho de arte no território do Grande Bom Jardim. Nesse tempo tivemos a oportunidade de explorar as linguagens artísticas em seus mais variados aspectos e possibilidades. Descobrimos, desvendamos, mudamos mundos antes inalcançáveis”.

“O que não mudou foi a decisão política de fazer teatro. Foi essa decisão que nos fez chegar ao dia de hoje. Saber dessa celebração do nosso 20º aniversário na Câmara Municipal foi um motivo de muito contentamento, principalmente por ter sido pensado por uma mandata de mulheres negras, periféricas, da resistência, que sabe do nosso corre e da nossa luta. Nosso muito obrigada”, completou.

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Foto: JL Rosa