A quadra chuvosa em Fortaleza, que ocorre de fevereiro a maio, coloca em alerta a população e Poder Público para o risco de transmissão de doenças. Uma das doenças das enchentes é a leptospirose, transmitida pela urina do rato e que pode levar ao óbito. Na Capital, já foram registrados 3 casos neste ano.

O número de casos tende a aumentar neste período devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento e a alta infestação de roedores infectados. Mas algumas ocupações também acabam sendo mais expostas ao risco de contaminação da doença. São eles: trabalhadores de limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, laboratoristas, militares e bombeiros.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Fortaleza registrou de janeiro a dezembro de 2021, 29 casos de leptospirose e 3 óbitos. Em 2022 esse número aumentou, sendo 42 casos confirmados e 7 óbitos. Neste ano, até o dia 27 de fevereiro, foram confirmados 3 casos, sem nenhum óbito.

Como prevenir?

• Não acumule lixo em casa;
• Conserve a cozinha limpa, sem restos de alimentos;
• Desinfete e vede caixas d´água, frestas e aberturas em portas e paredes;
• Faça o controle de roedores (o uso de raticidas deve ser feito por técnicos devidamente capacitados);
• Não jogue lixo em rios, córregos, praias e bueiros;
• Evite o contato com água ou lama de enchentes (impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas)
• Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).
• A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as bactérias leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório.
• Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.

Com acontece a transmissão da doença?

A doença resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre através da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas.

O tempo entre a infecção da doença até o momento que a pessoa leva para manifestar os sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

Quais os sintomas?

As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes. São divididas em duas fases: fase precoce e fase tardia.

Na ´fase precoce os principais sintomas são: febre; dor de cabeça; dor muscular, principalmente nas panturrilhas; falta de apetite; náuseas/vômitos. Também podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse; aumento do fígado e/ou baço.

Já as manifestações na fase tardia são mais graves e podem evoluir para o óbito do paciente. São elas:

• Síndrome de Weil – tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias
• Síndrome de hemorragia pulmonar – lesão pulmonar aguda e sangramento maciço
• Comprometimento pulmonar – tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica
• Síndrome da angustia respiratória aguda – SARA
• Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central

Caso apresente alguns desses sintomas, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima do seu bairro para o diagnóstico e início do tratamento da doença. Fortaleza conta 117 postos, confira aqui os endereços.

Foto: PMF