Mutações e baixa cobertura vacinal abrem a possibilidade de novas ondas de Covid-19

13/05/2021 - Rochelle Nogueira

A única forma de controlar a pandemia é com a vacinação em massa e o mais rápido possível, aponta especialista

O ‘Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz‘, divulgado pela Fundação Osvaldo Cruz na quarta-feira (12) apresenta uma ligeira redução nas taxas de mortalidade. O relatório também relata que em grande parte dos estados, houve redução da taxa de ocupação de leitos UTI’s de Covid-19 para adultos. No entanto, os pesquisadores alertam que, diante do patamar epidêmico atual, um novo disparo de casos de Covid-19 tornará crítica a situação epidemiológica no país.

No Ceará, como em todo o Brasil, ainda são registrados números elevados em relação à Covid-19, apesar da redução no número de mortes se comparado com a primeira onda da doença em 2020. E a perspectiva de estabilização do cenário pandêmico depende da quantidade de pessoas vacinadas nos próximos meses, como destaca o imunologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Dr. Edson Teixeira.

“Enquanto a cobertura vacinal for pequena, ou seja, em torno de 8% e com 2 doses, a possibilidade de mutação e de variantes é elevadíssima. A possibilidade de termos mais ondas é patente e muito clara, pois é assim que o vírus funciona. O vírus que nasceu em Wuhan não é o mesmo vírus que está entre nós hoje e a única forma de combatê-lo é com a prevenção e com a vacina”, declarou o especialista.

Letalidade da Covid-19

A redução das taxa de internações e agravamento da doenças tem uma relação direta com a vacinação dos grupos de riscos. Resultados que segundo o professor Edson Teixeira têm sido observados no Ceará. “A redução da taxa de mortalidade, isso se observa bem aqui no Ceará, se deve a muitos fatores e um deles é uma quantidade de pessoas em idade avançada, que eram as que mais morriam, por estarem vacinadas e também o aprendizado do corpo de profissionais da área de saúde que sabe lidar de forma mais adequada com os pacientes que contraem esse vírus e desenvolve quadros moderados e graves dessa doença, então tudo isso favorece a uma redução no índice de letalidade”, revelou o imunologista.

Taxas de ocupação de leitos

Segundo o Boletim da Fiocruz, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS), durante os dias 3 e 10 de maio, apresentaram sinalização de melhoria no quadro geral da pandemia. Em relação aos casos de óbitos por Covid-19, foram registrados valores ainda altos, próximos à marca de 2,1 mil mortes diárias, com uma tendência de queda de 1,7% de óbitos/dia no mês de abril.

A circunstância pautada pela Covid-19 vem repercutindo sobremaneira na sobrecarga do sistema de saúde em todo o país, afetando todo o sistema, seja ele por Sars-Cov-2 ou por outras necessidades de saúde. O imunologista, Dr. Edson Teixeira ressaltou que a estrutura está chegando ao seu limite e também de recursos humanos. Ele aponta que a vacinação em massa é condição preponderante para a contenção do vírus e alívio no sistema de saúde.

“À medida que as variantes adquirem mutações mais adaptadas, elas podem gerar casos mais graves ou doenças mais contagiosas e a única forma que nós temos de controlar isso é com a vacinação em massa e o mais rápido possível. Nós deveríamos estar vacinando em torno de 2 milhões e meio, 3 milhões, ou até mais pessoas por dia e não é isso que a gente têm visto. Eu vejo que há uma gestão atrapalhada na compra de vacinas desde o primeiro dia e que as notícias que nos chegam, como citou hoje o presidente da Pfizer informando que houve oferta de vacinas para o Brasil ainda em meados de 2020 com entrega em dezembro, infelizmente a gestão não fez a compra delas que já poderiam ter ajudado a salvar muitas vidas”, disse.

Ocupação de leitos em território nacional

Região Norte: Roraima (37%), Acre (57%) e Amazonas (55%) estão na zona de alerta baixo. Fora esses três estados, a Paraíba é a única que apresenta ocupação na zona de alerta baixo, com 59%.

Apesar disso, sete estados de outras regiões têm ao menos 90% dos leitos ocupados: Piauí (90%), Ceará (90%), Rio Grande do Norte (95%), Pernambuco (96%), Sergipe (97%), Paraná (93%) e Santa Catarina (91%). Também estão na zona de alerta crítico para a ocupação de UTIs: Roraima (88%), Bahia (80%), Mato Grosso do Sul (85%), Distrito Federal (81%), Tocantins (81%), Rio de Janeiro (87%) e Goiás (84%).

>> BOLETIM OBSERVATÓRIO COVID-19 FIOCRUZ

Foto: Agência Fortaleza