UECE avança nos testes de vacina contra a Covid-19 e aguarda liberação da Anvisa para mostragem em humanos

12/05/2021 - Rochelle Nogueira

Com a possível conclusão da pesquisa desenvolvida pela universidade cearense, o país poderá contar com uma vacina de baixo custo.

Medicação/Covid - Foto: Tatiana Fortes

Universidade Estadual do Ceará (UECE) deu início em abril de 2020 a uma importante pesquisa para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. Em 2021, acontece o próximo passo do estudo, a 2ª fase, necessitando da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aplicabilidade de testes em humanos. Segundo informou o governador Camilo Santana (PT), o Ceará já deu entrada no processo para avanço do estudo.

A metodologia de investigação é realizada no Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece (LBBM), sendo liderada pela professora imunologista Izabel Florindo Guedes. Na primeira fase os testes foram realizados em camundongos e obtiveram resultados satisfatórios, conforme informou o pesquisador do LBBM/Uece e doutorando do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (Renorbio/Uece), Ney Carvalho.

Imagens: Ney Carvalho

“Obtivemos resultados promissores desse imunizante com camundongos. Esses resultados serão submetidos à Anvisa, com o intuito de iniciar a fase clínica, já que estávamos na fase pré-clínica, com os animais. Agora chegou a hora de testar em humanos, para, com a possível conclusão da pesquisa desenvolvida pela Uece, o país contar com uma vacina de baixo custo”, declarou o pesquisador.

A vacina cearense é intitulada como HH-120-Defenser e sugere uma nova forma de uso de um coronavírus aviário atenuado, que está no mercado há décadas e que não causa infecção em seres humanos. “Essa vacina é constituída por uma cepa de coronavírus muito parecida com o SARS- CoV-2, capaz de induzir uma resposta imunológica protetora contra o novo coronavírus. Ela não causa infecções em humanos. Por isso resolvemos usá-la”, evidencia a coordenadora do Laboratório, Izabel Florindo.

O reitor da Universidade Estadual do Ceará, Hidelbrando Soares, ressalta que todo processo que vem sendo desenvolvido dentro da Universidade é produto do trabalho e dedicação dos pesquisadores da entidade. Os estudiosos agora se concentram nas duas etapas restantes que validam uma vacina para sua aplicação em território nacional.

 “Estamos numa fase avançada desse produto tecnológico com a possibilidade de aplicar essa vacina em humanos. Estávamos na fase pré-testes e agora estamos submetendo todo esse processo a Anvisa. Contamos com o apoio do Governo do Estado do Ceará para que a pesquisa possa avançar no processo de credenciamento pela Anvisa para os testes em humanos”, declarou o reitor.

Fase clínica

A fase clínica será ser dividida em três etapas, sendo  a primeira com testes realizados em aproximadamente 100 pessoas adultas, de 18 a 60 anos de idade, sem comorbidades. Na segunda etapa, será a vez de pessoas acima de 60 anos, com comorbidades. Na terceira, os testes serão aplicados em milhares de pessoas, com perfis diversificados.

 Para esses testes, será seguido todo um protocolo realizando a seleção de pessoas saudáveis, que ainda não tenham tomado outras vacinas contra a Covid-19. Essas pessoas serão convidadas a serem voluntárias nesse primeiro momento”, relatou Izabel Florindo.

Ao final de cada etapa da fase clínica, a Uece deverá submeter os resultados à Anvisa para autorização da continuidade dos testes.

Com informações da Universidade Estadual do Ceará

Foto: Érika Fonseca