Ceará utiliza plasma convalescente em pacientes graves de Covid-19

31/07/2020 - Câmara Municipal de Fortaleza

O sangue do doador tem a presença de anticorpos para a COVID-19 e, portanto, ao absorver esse sangue, o organismo do doente pode desenvolver os mesmos agentes, combatendo o vírus.

Plasma

O Estado do Ceará está utilizando uma terapia auxiliar para tratamento de pacientes acometidos por Covid-19, a transfusão de plasma de pacientes que se curaram da doença. Desde o início de junho passado que o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) está recebendo doações de plasma convalescente de pessoas recuperadas do novo coronavírus e disponibilizando o material para a rede pública coberta pelo SUS.

Segundo a diretora de hemoterapia do hemocentro cearense, Denise Brunetta, a transfusão de plasma convalescente somente pode ser feita sob prescrição médica em pacientes hospitalizados. De acordo com ela, a técnica já foi usada com sucesso em pessoas com coronavírus ou outras doenças virais, pois o plasma de pacientes curados possui anticorpos contra o vírus e, ao ser transfundido em pacientes gravemente doentes, pode ajudar na recuperação.

O Hemoce reforça que utiliza critérios internacionais na doação do sangue para garantir maior segurança transfusional. E para prevenir uma reação rara conhecida como TRALI, e que causa uma lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão, ficou definido que mulheres não devem doar plasma convalescente pela possibilidade de gestação anterior, mesmo sem saberem da existência da mesma.

Segundo estudo da Mayo Clinic, organização americana de pesquisas clínicas, a utilização do plasma convalescente é seguro para pacientes em estado grave da doença. Essa avaliação resultado é fruto de uma pesquisa que envolveu a transfusão de plasma convalescente em 5 mil pessoas hospitalizadas. O fato é que o sangue do doador tem a presença de anticorpos para a COVID-19 e, portanto, ao absorver esse sangue, o organismo do doente pode desenvolver os mesmos agentes, combatendo o vírus.   

A pesquisa avaliou os 7 primeiros dias dos 5 mil pacientes após a transfusão, e a incidência de morte chegou a 14,9%, e apenas 1% dos pacientes tiveram reações adversas. As pesquisas  continuam para se ter realmente certeza que esse tratamento é realmente adequado para o combate à COVID-19. Além da Mayo Clinic, participam da iniciativa outras 40 instituições.

Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde tem apoiado instituições e monitorado diariamente pesquisas que objetivam identificar um tratamento efetivo para a COVID-19. Entre elas, em especial um consórcio de estudos que utiliza o plasma sanguíneo convalescente de pacientes recuperados da doença. Esses estudos buscam a diminuição dos sintomas da infecção e da carga viral no organismo, resultando em uma menor utilização de leitos de UTIs.  Mas ainda não há tratamento comprovado que cure o paciente com a COVID-19.

O ensaio clínico é conduzido em vários centros de pesquisa ao mesmo tempo para testar a segurança e a eficácia de diferentes tipos de tratamentos em pacientes distribuídos aleatoriamente. Foram incluídos 400 indivíduos, sendo que 200 receberam o plasma de pessoas curadas e 200 não receberão esse tratamento. Os pesquisadores farão o acompanhamento por três meses, mas a expectativa é que os resultados preliminares sejam divulgados em breve.

De acordo com a secretária-executiva da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), Cristiane Fulgêncio, já foram aprovadas ou estão em análise pela Comissão pelo menos outras dez pesquisas que avaliam a eficácia do plasma convalescente. Ainda que não tenha resultados conclusivos, o plasma convalescente pode ser potencialmente utilizado em contextos de ensaios clínicos previamente aprovados para fortalecer os dados, atestar a eficácia e resguardar os pacientes e doadores de tratamentos experimentais.

Para o médico infectologista pediátrico, Robério Leite, o uso de plasma de convalescentes ainda está em estudo, não havendo evidência, até o momento, do benefício, bem como da segurança de sua utilização. “Creio que sua melhor utilização seria em algum projeto de pesquisa clínica,” observou.

Critérios

Segundo o Hemoce, para doar plasma, o voluntário precisa ter se recuperado há mais de 30 dias da Covid-19 e não apresentar sintomas da doença. O processo de doação acontece em duas etapas. Primeiro, a pessoa passa por triagem clínica, na qual uma amostra de sangue será coletada para testes e avaliação de anticorpos da Covid-19. As doações serão utilizadas como terapia auxiliar para pacientes graves da doença.

Critérios para doação:

  1. Pessoas do sexo masculino;
  2. Ter entre 18 e 60 anos de idade;
  3. Pesar acima de 50kg
  4. Diagnóstico de Covid-19 confirmado previamente por PCR, sorologia ou teste rápido;
  5. Estar sem sintomas da doença há mais de 30 dias;
  6. Apresentar um documento de identificação oficial, original e com foto.

Serviço:

Os doadores devem fazer o agendamento de forma online para poder ser atendido com hora marcada para assim evitar aglomerações nos locais e oferecer mais segurança durante o período de isolamento;

Doações de plasma acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras (A pessoa pode escolher a melhor opção de dia, local e horário para realizar a avaliação inicial);

O agendamento é feito a princípio somente para as unidades de Fortaleza;

Contatos para atendimento: (85) 3101.2305 e (85) 3101.2296 (WhastApp).

Foto: Agência Brasil