Especialistas afirmam que pacientes recuperados podem desenvolver novamente sintomas de COVID-19

09/07/2020 - Câmara Municipal de Fortaleza

Por ser uma doença pouco conhecida, os efeitos do vírus a médio e longo prazo, ainda, não estão claros

Recuperados Covid

Diante dos inúmeros casos de pessoas após infectadas por COVID-19 e curadas, pouco tempo depois reapresentarem sintomas da doença, tem mobilizado especialistas em todo o mundo. O fato é que não existem evidências científicas de que quem contraiu a doença, esteja imunizado, como se pensava anteriormente. Por ser uma doença pouco conhecida, os efeitos do vírus a médio e longo prazo, ainda, não estão claros. Por isso, a importância dos pacientes recuperados continuarem mantendo os cuidados, mesmo após infecção.

São quase 1 milhão de recuperados da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus no País; 108.678 no Ceará e 28.080 em Fortaleza. Muitas pessoas acreditam que por terem tido a doença podem relaxar e não seguir à risca as recomendações para evitar o contágio, mas especialistas afirmam o contrário, e que a rotina não deve ser mudada, mas ampliada com relação aos cuidados tomados anteriormente..

Para o presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, Guilherme Alves de Lima Henn, essa questão de ter ou não reinfecção, ainda não está resolvida. “Temos pouco tempo de doença e o que sabemos até agora é que a infecção por coronavírus, geralmente dá uma imunidade protetora, pôr no mínimo três a seis meses. Não temos certeza, além desse período, como fica a imunidade de longo prazo. Fazendo uma análise dos outros tipos de coronavírus, essa imunidade ocorre exatamente nesse prazo de três a seis meses, e depois a pessoa volta a ficar suscetível a infestação. Mas se isso ocorre também no Sars Cov2, nós não temos como afirmar. Eu arriscaria dizer que é provável que sim, mas é algo que só o tempo dirá,” avaliou.

A mesma opinião tem a infectologista Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão, que atua no Hospital São José. Ela ressalta que existem casos bem documentados de pessoas que adoeceram de COVID mais de uma vez, mas não se entende ainda o porquê. “Uma possibilidade seria que, pessoas que teriam adoecido não formaram anticorpos. Assim ficariam susceptíveis a nova infecção, mais precocemente. Já aqueles que formaram anticorpos chamados neutralizantes, ficariam imunes por um tempo. Só não se sabe por quanto tempo ficariam imunes”, argumenta.

A especialista destaca que existem pacientes que tiveram a doença que estão apresentando com uma certa frequência complicações a médio e curto prazo, como embolias, AVC e infecções e a longo prazo muito provavelmente também. Especialistas afirma que mesmo quem já teve a doença deve continuar tomando cuidado, e seguindo com as medidas preventivas, usando máscaras, higienizando as mãos e evitando aglomerações.

Além de correrem o risco de reapresentarem os sintomas, essas pessoas ajudar a propagar o vírus caso não tomem os devidos cuidados. Isso ocorre porque com o relaxamento dos cuidados, a pessoa mesmo não estando infectada, pode carregar o vírus, caso toque em alguma lugar contaminado e não faça a devida higienização.

Síndrome da Fadiga Crônica

Outro fenômeno acusado por pacientes recuperados, é um cansaço excessivo, mesmo após o desaparecimento dos sintomas, que está sendo denominada pelos especialistas de Síndrome da Fadiga Crônica. O principal sintoma é o cansaço, mas pode haver alteração na pressão, na frequência cardíaca e insônia.  Essa síndrome não ocorre apenas devido ao novo coronavírus, mas em casos de infecção com outros vírus e pode durar até cerca de um ano. Os sintomas são mais frequente em mulheres entre 40 e 50 anos e que tiveram COVID-19 pelo menos de forma moderada. O tratamento é feito através da psicoterapia, atividades físicas, antivirais e antidepressivos.

Há tambem os aspectos psicológicos, como a ansiedade. O medo que as pessoas infectadas sentem pode ocasionar insegurança, com relação a evolução dos sintomas e quanto ao medo da morte, diante das notícias disseminadas, geralmente negativas, veiculadas nas redes sociais e pela imprensa. O fato é que ser humano se sente mais seguro se tiver previsibilidade do que vai acontecer. Mas com as incertezas sobre formas de contaminação, se pode ou não se contaminar de novo, acaba deixando um vácuo quanto ao futuro entre a população.

Fotos: Ascom HGF/ Gov. do Ceará