Alimentação saudável: população adota novos hábitos durante o isolamento social

08/07/2020 - Ana Clara Cabral

Cuidado com a saúde através de uma alimentação mais saudável é a realidade em muitas casas durante o enfrentamento à pandemia em Fortaleza.

Mercado São Sebastião

Quase quatro meses vivendo em isolamento social para combater a pandemia da Covid-19 em Fortaleza e a população pode confirmar as mudanças na rotina. A alimentação foi uma delas. Muita gente que não cozinhava antes passou a preparar as próprias refeições, além de fazer outras tarefas de casa.

A Elisabete Viana é pedagoga, psicóloga e passava a maior parte dos dias fora de casa antes do coronavírus invadir a cidade. “Antes eu não cozinhava. Agora faço a comida de casa todo dia. Aproveito também para lembrar receitas antigas, testar outras novas e até começamos a fazer pão”. Elisabete fala dos prós e contras do contato mais próximo com a cozinha de casa: “É muito cansativo, a cozinha tem demandas que parecem não acabar. Como estava muito fora antes, acabei sentindo um impacto maior na rotina de dona de casa”.

Por outro lado, “sei o que eu coloco na comida, os ingredientes. Então minha alimentação está mais regrada, mais saudável. Consegui emagrecer 3kg e passei a me sentir menos ansiosa com a alimentação. Além disso tem a culinária afetiva, como alguns bolos e lanches que faço para meus filhos lancharem e eles adoram”.

Rafael Barros é jurista e comentou que o que mais o alegra em estar em casa é poder cozinhar sempre. “Eu e minha esposa nos revezamos na cozinha e às vezes cozinhamos juntos. Para economizar, não vínhamos pedindo delivery, mesmo antes da pandemia, mas agora temos evitado totalmente”, explicou.

Ele enfatizou: “nós cozinhamos todos os dias, temos experimentado várias novas receitas e aumentado nosso repertório, nos alimentando de forma mais saudável também”.

Novos hábitos alimentares

A Universidade de Fortaleza (Unifor) divulgou uma pesquisa realizada pela nutricionista e professora Marília Porto. No estudo, ela fala que a primeira fase de confinamento foi marcada pelo significativo consumo de doces, alimentos industrializados e bebidas alcoólicas. Com as novas rotinas em casa, o consumo de frutas cítricas e verduras ganharam lugar na mesa das pessoas.

Com isso, a nutricionista diz acreditar nos indícios de um estilo de vida mais saudável como um dos efeitos causados pelo isolamento social. São citados por ela alimentos que têm tido maior busca nos mercados, como frutas cítricas, peixes, grãos e sementes: “Os alimentos que contêm antioxidantes e melhoram essa renovação celular do sistema imunológico, como as frutas cítricas, e também aqueles ricos em ômega 3, como o peixe, que também tem efeito anti-inflamatório, parecem estar agora ganhando na preferência. Os grãos e sementes, como a castanha e o amendoim, também têm tido seu lugar de honra nas dietas alimentares das pessoas que buscaram no alimento fortalecer preventivamente a saúde. E não há dúvidas quanto à eficiência deles, sobretudo quando o organismo precisa reagir às ameaças externas cada vez mais virulentas”, destaca.

Marília observa que ouve um movimento da preparação da comida com o lado afetivo e familiar: “As famílias voltaram a cozinhar por prazer, com alguns descobrindo e outros redescobriram esse dom, ao ponto de encher as mídias sociais com orgulho dos seus pratos. Isso também acionou, sem que a maioria intuísse, o poder terapêutico que há na prática culinária. É unânime e inquestionável: cozinhar dá prazer e melhora a cabeça”.

Confira o Guia alimentar para a população brasileira.

Com informações do portal Unifor

Foto: Érika Fonseca