A pandemia do Coronavírus vem modificando rotinas e ampliando os cuidados nas casas de repouso de idosos em Fortaleza. A primeira providência tomada pelas instituições foi a suspensão das visitas, além de outros cuidados para controlar a disseminação do vírus. Mas mesmo com os cuidados redobrados, casos de óbitos e de contágio têm ocorrido nas unidades de acolhimento na Capital.

Como os idosos tendem a ter a imunidade mais baixa que a média da população, é essencial para quem trabalha com eles, a adoção de precauções adicionais.

Lar Torres de Melo

No Lar Torres de Melo, por exemplo, segundo Liduina Donato, gerente geral da Unidade, foi elaborado um plano de contingência para a prevenção da pandemia no local, mas mesmo com todos os cuidados aconteceram óbitos e contágios entre os residentes.

Segundo Liduína, além do Plano, outras medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde para prevenção e combate à COVID-19, vem sendo tomadas. Desde o dia 12 de abril, o Lar Torres de Melo instituiu protocolos diários de verificação tanto para os idosos quanto para os funcionários. “Acrescente-se o esforço e os recursos adicionais gastos com equipamento de proteção individual e material de limpeza, bem como as duas desinfecções de todas as áreas da instituição por empresas especializadas já realizadas”, pontua.

Ela observa que no início da pandemia como haviam poucos testes para Covid-19 disponíveis, foram feitos testes somente nos idosos e nos funcionários que apresentavam sintomas. Já a partir de maio foram feitos testes mesmo nos assintomáticos. “Outra medida foi a criação de locais de isolamento para permanência dos idosos que confirmavam positivo, para evitar a contaminação dos demais. Preparamos três locais de isolamento. Também todos os funcionários que estão em contato com idosos suspeitos, inclusive os dos serviços gerais utilizam Equipamentos de Proteção Individual,” esclarece.

Outra medida tomada, ainda em março, portanto antes da pandemia, foi a vacinação de todos os idosos e funcionários contra a gripe e vários idosos contra a pneumonia. “Nenhum ficou sem ser vacinado. Isto foi muito importante, pois deu tempo a vacina fazer efeito. Hoje temos 66 idosos recuperados da Covid-19, e continuamos trabalhando para que nenhuma vida mais seja perdida”, ressaltou. A instituição atende cerca de 230 idosos atualmente.

Lar Francisco de Assis

Mesmo não atuando como abrigo para idosos, o Lar Francisco de Assis, associação fundada em 22 de Junho de 1962, que desenvolve um Programa de Assistência Social em prol de 270 idosos em situação de risco social, sendo cerca de 140 idosos e seus familiares, mantém a assistência mesmo sem o atendimento presencial.

Segundo a coordenadora da entidade, Nalva Teixeira, os atendimentos/dia foram suspensos desde o dia 14 de março, mas a entidade continua assistindo os idosos de forma remota e 50 crianças que fazem parte de outro projeto da Casa. “Continuamos fazendo trabalho em prol dos idosos que estão em suas casas, estamos fazendo chegar até eles, materiais de higiene, máscaras, fraldas geriátricas, tomando todos cuidados na entrega. Ou solicitamos que alguém mais jovem vem buscar o material aqui ou enviamos por serviço de entrega”, disse.

Outro serviço foi a criação do Grupo de Escuta para dar assistência aos idosos. “Cada voluntario adota quatro idosos. Ele faz o contato com o idoso para saber como ele está, dar orientações, esclarecer sobre medidas preventivas e saber necessidades dele, o que eles estão necessitando. Temos também uma terapeuta ocupacional. Que vem dando suporte aos nossos idosos assistidos. Nosso trabalho permanece apesar das dificuldades do atual momento”, disse.

Lar Três Irmãs

O Lar Três Irmãs, que mantem unidades em Fortaleza e Caucaia, tem realizado um trabalho de prevenção contra o contágio de coronavírus nos idosos que atende diariamente. A instituição busca mais doações para atender os pacientes que moram nas duas sedes do abrigo e que continuam em fase de recuperação.

Nas duas sedes, situadas no Bairro Montese, na capital, e no Bairro Garrote, em Caucaia, vivem 50 idosos. Nos dois locais aconteceram casos e óbitos. Mas segundo a coordenadora do local Thaynara Almeida, a situação se estabilizou. O Lar Três Irmãs é uma ONG mantida por meio da renda de alguns dos próprios idosos, mas depende de doações feitas pelas comunidade. 80% dos residentes estão em situação de vulnerabilidade, encaminhados por outros órgãos, delegacias e até mesmo situação de rua.

Além das doações de alimentos, fraldas geriátricas e materiais de limpeza, para continuar mantendo os cuidados básicos orientados pelas organizações de saúde, o Lar também precisa de materiais de higiene, no intuito é proteger os idosos das novas infecções pelo coronavírus. Os interessados em fazer doações pode ligar para a instituição ou manter contato pelas redes sociais para agendar a entrega. O Lar Francisco de Assis e o Lar Torres de Melo também estão necessitando de doações (telefones abaixo).

Cuidados redobrados

Especialistas em saúde recomendam, entre outras medidas, nos lares e abrigos para idosos, que os cuidadores ao chegarem da rua, antes de qualquer coisa, deve lavar as mãos. Já as pessoas que fazem uso do sistema público de transporte, que tenham estado em aglomerações ou lugares com trânsito intenso de pessoas é recomendado que não se aproximem do idoso ou entrem em seu cômodo, antes de fazer sua higienização. Caso seja necessário, deve tomar banho, trocar de roupa ou vestir um jaleco.

Deve ainda o cuidador evitar contato próximo com qualquer pessoa que apresente sintomas de doenças respiratórias, como tosses, secreções e espirros e em casos de sintomas de gripe, é recomendável utilizar máscara facial enquanto na presença de outras pessoas e cobrir o rosto (com o cotovelo flexionado) antes de espirrar ou tossir. Também nos lares e abrigos, deve-se aumentar a frequência de limpeza dos ambientes, em especial aqueles onde circulam o idoso e o cuidador.

Outra recomendação é manter ventilação natural nos ambientes e diminuir o uso de condicionadores de ar (ar condicionado) ao estritamente necessário; objetos manuseados por idosos, caso estejam em ambientes compartilhados por outras pessoas, também devem ser limpos com maior frequência; equipamentos como termômetro, esfigmomanômetro (para aferir pressão arterial) e estetoscópio preferencialmente, devem ser de uso exclusivo do paciente. Caso não seja possível, promover a higienização dos mesmos com álcool 70% ou outro desinfetante indicado para este fim imediatamente após o uso.

O álcool em gel pode ser um aliado não apenas na manutenção da higiene pessoal, mas por reforçar o hábito da limpeza constante das mãos. Frascos com o produto devem ser espalhados pelos ambientes; na cozinha evitar falar sobre os alimentos durante o preparo, em especial os servidos crus ou in natura; cozinhar bem carnes e ovos; copos e talheres não devem ser compartilhados. No caso de infecção ou suspeita, a lavagem de talheres precisa ser feita com uma esponja que também não seja usada em outros copos/talheres da casa. A pessoa que for lavar esses itens também precisa usar luvas.

Na lavagem de roupa do indivíduo diagnosticado com Coronavírus, sua manipulação (lavar, passar) deve ser feita em separado das peças dos não infectados. O mesmo vale para peças de cama, toalhas. É importante também atualizar a situação vacinal para influenza (gripe) e doença pneumocócica conforme indicação de cada idoso. O ideal é que uma pessoa infectada se mantivesse isolada dos demais até atestar negativo para o vírus.

Serviço

• Lar Francisco de Assis: Telefone: (85) 3273.9119
• Lar Torres de Melo – Rua Júlio Pinto, 1832 – Bairro: Jacarecanga- (85) 3206-6750
• Lar Três Irmãs – Rua Joaquim Pimenta, 291, Montese (Fortaleza) e Estrada do Garrote, 709, Lagoa do Banana (Caucaia)- Telefone: 3023-3343

Fotos: Érika Fonseca