O avanço dos casos de covid-19 no Brasil tem levado autoridades a buscar medidas mais enérgicas para combater a proliferação do novo coronavírus no país. Em alguns estados, como é o caso do Ceará, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus, uma escala ascendente do vírus tem causado alto número de infecções e letalidade na população.

Com o poder para o combate ao novo vírus nas mãos de governadores e prefeitos, assim como determinou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, os gestores estão adotando medidas que visam diminuir a curva da pandemia. O termo lockdown, até então desconhecido pela população, será adotado pela primeira vez no Brasil a partir desta terça-feira (05/05). Quatro cidades do Maranhão (São Luís, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar) terão o bloqueio de suas atividades não essenciais por dez dias. Tal medida foi imposta por uma decisão judicial para as atividades que não forem extremamente essenciais à manutenção da vida e da saúde. O governador do Pará também prevê ‘lockdown’ se índice de isolamento não alcançar 70%.

Durante o final de semana o governador do Estado do Ceará, Camilo Santana (PT), juntamente com o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), gestor da cidade com o maior índice de casos da doença no Estado, cogitaram estudo para a incorporação do lockdown em Fortaleza. Com os termos em evidência: lockdown, distanciamento social ampliado e distanciamento social seletivo, apresentamos a diferença entre eles.

Lockdown

É um termo em inglês que significa bloqueio total. A imposição mais rígida permite o fechamento de entradas, perímetros, bloqueados por profissionais de segurança. A determinação impacta na permissão de entrar ou sair de um circuito isolado. O objetivo é interromper qualquer atividade por um curto período de tempo.

A ação já está sendo utilizada em alguns países como providência no enfrentamento ao avanço do novo coronavírus e já trouxe resultado positivo. Entre eles estão: Alemanha, Hungria, Dubai, África do Sul, Arábia Saudita, Índia, China, Jordânia, Argentina, Bélgica, Malásia, França, Espanha, Kuwait, Irlanda, Noruega, Dinamarca e Itália. Na Alemanha, por exemplo, o período vivenciado pelo lockdown trouxe grandes resultados com o registro de mais pessoas curadas pela covid-19 do que doentes e mortos.

Segundo relatório do Ministério da Saúde brasileiro, os países que implementaram o lockdown em um momento crítico, conseguiram sair mais rápido daquele cenário.

Distanciamento Social Ampliado (DAS)

É o que nós estamos praticando atualmente no país. A estratégia tem como característica a regra seja imposta para todos, qualquer grupo, independentemente de faixa etária e profissão. Todos os setores da sociedade devem permanecer em casa enquanto durar o decreto de distanciamento editado pelos gestores públicos.

Essa estratégia é adotada pelos estados brasileiros e segue a recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde. É considerada eficaz para a redução da velocidade da propagação do novo coronavírus, pois impede aglomerações de pessoas.

Distanciamento Social Seletivo (DSS)

É defendido por alguns setores do Brasil, como medida de manter a economia do país funcionando. A disposição tem sido chamada de “isolamento vertical”, quando ficam isolados apenas os grupos de risco: idosos, pessoas com doenças mais graves, doenças crônicas (diabetes, cardiopatias etc.) ou em condições de risco (ex.: obesidade).

Neste caso, pessoas com menos de 60 anos ou assintomáticas podem circular livremente. No entanto, a estratégia não elimina a possibilidade de contaminação do grupo de risco, já os mais vulneráveis continuarão em contato com pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Um exemplo de fragilidade com a imposição da medida ocorreu no Reino Unido. No início da pandemia, o país usou da estratégia, mas precisou recuar diante da aceleração descontrolada dos casos. Para que o sistema de saúde tivesse condições de suportar a demanda, o Reino Unido adotou o lockdown.

Foto: Érika Fonseca