Índice de famílias que autorizam doação de órgãos aumenta em Fortaleza

27/09/2019 - Ana Clara Cabral

O Instituto José Frota (IJF), hospital em Fortaleza com alta complexidade da rede de assistência municipal, anunciou o aumento do índice de aceitação das famílias que autorizam a doação de órgãos de seus parentes recém-falecidos. 84% é o número inédito, registrado em 2018, de pessoas que transcendem o luto em esperança de vida para centenas […]

O Instituto José Frota (IJF), hospital em Fortaleza com alta complexidade da rede de assistência municipal, anunciou o aumento do índice de aceitação das famílias que autorizam a doação de órgãos de seus parentes recém-falecidos. 84% é o número inédito, registrado em 2018, de pessoas que transcendem o luto em esperança de vida para centenas de pacientes que aguardam nas filas por um novo coração, um novo rim, fígado ou córnea, por exemplo. Apenas no primeiro semestre de 2019 o número de aceitação foi de 77%, registro que traduz a constante evolução.

Este é resultado da campanha Setembro Verde, promovida pelo hospital, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, em alusão ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, lembrado anualmente em 27 de setembro. A data foi criada através da Lei nº 11.584/2007 para promover a conscientização e sensibilização da população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos para transplante. A campanha conta com programação durante todo o mês com a realização de cursos, palestras e eventos para enfatizar o tema e articular a troca de experiências.

De acordo com o Ministério da Saúde, o assunto ainda é polêmico e de difícil entendimento, resultando na possibilidade de maior recusa familiar. Os três principais motivos para a recusa, baseados em um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), são: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião.

No IJF, a Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante é composta por uma equipe multiprofissional especializada, responsável pela detecção de possíveis doadores de órgãos e tecidos no hospital e pelo acompanhamento dos diagnósticos de morte encefálica. Com a confirmação do óbito, a equipe acolhe e apresenta aos familiares dos pacientes falecidos a possibilidade da doação.

Defendendo a causa, o vereador Julierme Sena (PROS) criou o Projeto de Indicação n° 518/2018, que dispõe sobre o ressarcimento das despesas referentes ao funeral da pessoa que tiver doado seus órgãos ou tecidos corporais para transplante médico. Terá direito ao incentivo o doador que tiver renda familiar até dois salários-mínimos. O valor ressarcido poderá ser de até R$ 2 mil. A matéria está em tramitação na CMFor, aguardando parecer do relator para apreciação na Comissão de Constituição e Justiça.

“Doar órgãos é um ato de amor e solidariedade. Brasileiro é povo generoso e este projeto de indicação propõe mais um incentivo. Para que ocorra a doação, a família de quem morre deve saber que o seu parente assim deseja, por isso o diálogo é importante”, afirmou o vereador.

Entenda melhor:

Transplante de Órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto. O Brasil possui o maior sistema público de transplantes no mundo e 95% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA.

Morte Encefálica é a definição legal de morte. É a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Isto significa que, como resultado de severa agressão ou ferimento grave no cérebro, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado e o cérebro morre. Neste momento é declarado o óbito do paciente.

Consentimento Familiar: para ser doador não é necessário declarar nada por escrito, mas é fundamental comunicar à sua família sobre a intenção da doação. É a família que autoriza a doação de órgãos e/ou tecidos. Assim como a pessoa que tenha falecido por parada cardíaca que, nesse caso, poderá doar tecidos.

Com informações do Instituto José Frota, Organização Mundial da Saúde e Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.