Sessão Solene comemora 10 anos do Lar Santa Mônica

20/09/2019 - Câmara Municipal de Fortaleza

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou, nesta sexta-feira (20), Sessão Solene em comemoração aos 10 anos do Lar Santa Mônica. A solenidade foi proposta pelo requerimento 4478/2019 de autoria da vereadora Priscila Costa (PRTB), aprovado por unanimidade pelo plenário da Casa Legislativa. A sessão foi presidida pela autora do requerimento, no ato, representando o presidente […]

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou, nesta sexta-feira (20), Sessão Solene em comemoração aos 10 anos do Lar Santa Mônica. A solenidade foi proposta pelo requerimento 4478/2019 de autoria da vereadora Priscila Costa (PRTB), aprovado por unanimidade pelo plenário da Casa Legislativa. A sessão foi presidida pela autora do requerimento, no ato, representando o presidente do Legislativo Municipal, Antônio Henrique (PDT). A Mesa de Honra contou com as presenças do diretor do Lar Santa Mônica, Frei José Garcia Corcuera; do diretor do Centro Espiritual Uirapuru (CEU), Francisco Justino; da representante o Núcleo de Defesa da Infância e Juventude, Talita Nobre; e do presidente da Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), Pedro Santos.

Em sua saudação aos presentes, a vereadora Priscila Costa disse se sentir honrada em poder realizar e reconhecer a entidade. “Eu tentei escrever um discurso, mas não consegui. Tentei voltar ao momento em que visitei o Lar Santa Mônica, isso após visitar uma série de abrigos sob responsabilidade do Poder Público. Sempre era uma experiência muito impactante, as vezes pela falta de cuidado. E nessa experiência a visita ao Lar Santa Mônica foi um divisor de águas, pois a entidade ensina o Poder Público a cuidar de crianças. Lá eu vi um ambiente de fé, esperança, cuidado e zelo. Buscando resgatar nas meninas, a forma como Cristo as percebem. Vi o esforço daquele trabalho de resgatar a identidade real daquelas crianças”, asseverou.

Segundo Priscila, outro fato que percebeu é que muitas pessoas anônimas realizam o trabalho de forma silenciosa. “Lá não tem nenhum holofote, câmeras para trazer votos, não tem multidão para aplaudir. É um trabalho anônimo. Não vi outra razão a não ser a missão da causa do Reino. Isso me impactou e busquei trazer isso para meu trabalho. Vejo que as crianças de hoje são as mais esquecidas da história. E podemos fazer algo por elas. O Parlamento é o lugar da fala e aqui nessa tribuna, ouvimos grandes discursos, as vezes arrebatadores, emocionantes, que fazem chorar. Mas o que tenho visto é que o discurso não muda a realidade das pessoas, não tem o poder de transformação”.

“A Bíblia diz que pelo fruto conhecemos a árvores, ou seja, não é pelo discurso. Aqui estamos no local da fala, mas as escrituras nos ensinam a ver quem faz. O fruto dá sabor, é que nutre, que traz a semente. Hoje estamos falando do Lar Santa Mônica. Aquele lugar sim, dá frutos. As crianças não vão ter a vida mudada pela política, pois quem abraça e dá a mão é cada um de vocês. Muita gente anônima é que faz o Lar Santa Mônica dar frutos. Nesses 10 anos foram 142 crianças atendidas e mais de 14 mil serviços indiretos prestados à comunidade. Temos muito a aprender com isso”, destacou a parlamentar.

Priscila Costa pontuou que neste ano um fato causou grande impacto no país, quando a Ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, após uma audiência, disse à imprensa que o Disque 100, um serviço de denuncia o abuso sexual de crianças e adolescentes não estaria funcionando a contento. “Segundo ela, para conseguir fazer uma denúncia, o cidadão passava 50 minutos na linha telefônica. Até quem quer ajudar não consegue. Quem quer ajudar é atrapalhado pelo sistema, que muitas vezes não prioriza a infância. O Lar está aqui para mostrar como é colocar as crianças em primeiro lugar e mostrar à cidade que podemos mover o mundo em prol delas. São pessoas anônimas que vão mudar o Brasil. Obrigado pela presença de todos!” concluiu.

Em seguida, a vereadora fez a entrega de um certificado em comemoração aos 10 anos do Lar Santa Mônica ao diretor da entidade, Frei José Garcia Corcuera.

A vereadora cedeu a palavra a Francisco Justino, diretor do CEU. “Quero ser grato pelo reconhecimento público. O lar apresenta verdadeiros e significativos resultados. Como membro da direção do CEU destaco minha alegria em nome das 23 instituições que formam o Centro Espiritual Uirapuru. Os agostinianos recoletos dão vida ao nosso condomínio e há 10 anos atendem crianças, contribuindo de forma direta e efetiva com a redução dos casos de abuso sexual em nossa sociedade. A entidade abraçou nossos lemas, que é viver em unidade e atender de forma solidária o ser humano, levando para a sociedade o amor de Deus. A cada um dos profissionais que atendem as meninas acolhidas, nossos sinceros agradecimentos. Esta homenagem coloca em evidência essa nobre instituição. Apesar de enfrentar tantos desafios, devemos acreditar que podemos fazer o bem à sociedade de Fortaleza”, comentou.

Falou também Pedro Santos, do CMAS, que ressaltou a importância de ter uma instituição sólida trabalhando contra o pior tipo de violência. “É bom saber que existem entre os políticos pessoas preocupadas com essa situação que afligem muitas crianças em nossa cidade. Estamos vendo o desmonte da assistência social no país e em nossa cidade. Devemos lutar para que isso não aconteça. Vejo que essa homenagem é muito merecida pelo bonito trabalho que vocês realizam”, frisou.

O Frei José Garcia Corcuera, diretor do Lar Santa Mônica falou em nome da homenagem: “Quero agradecer em nome de todos que fazem parte dessa família do Lar Santa Mônica. Para nós é uma grande honra e grande privilégio poder receber essa homenagem. Agradecemos a vereadora Priscila Costa por valorizar nosso trabalho. Há 10 anos o Lar se tornou realidade, iniciamos um movimento na Barra do Ceará pois víamos crescente o problema do abuso sexual. Fizemos um projeto para auxiliar as crianças e buscamos um local para instalar uma casa lá, mas não conseguimos. Tempos depois conseguimos chegar ao CEU onde instalamos nossa casa e iniciamos o trabalho”, disse.

Frei José Garcia enfatizou que das 142 meninas atendidas pelo Lar, 62 entraram no mercado de trabalho diretamente. “Queremos agradecer as diversas pessoas que prestaram seus serviços ao longo de 10 anos. Quando vamos contratar um funcionário, deixamos claro que o importante não é trabalhar pelo dinheiro, mas colocar o coração em tudo que se faz. Recebemos muitas vidas de sofrimento, solidão e abandono e buscamos cuidar e direcionar para que elas realizem seus sonhos. Muitas delas choram ao receber essa oportunidade. Queremos confirmar nossa missão e reforçar nosso compromisso em favor das crianças e adolescentes, principalmente vítimas de violência sexual. Quero agradecer a Câmara e a vereadora Priscila Costa por essa homenagem”.

Lar Santa Mônica

O Lar Santa Mônica desenvolve o trabalho de Enfrentamento a Violência Sexual de Crianças e Adolescentes na Cidade de Fortaleza. A entidade foi fundada em 27 de Agosto de 2009, um espaço de esperança para centenas de meninas, crianças e adolescentes vítimas do abuso e exploração sexual no Estado do Ceara, sobretudo na capital cearense. A partir do desejo ardente e missionário da Ordem dos Agostinianos Recoletos que exerce seu labor pastoral junto a comunidade da Barra do Ceará e adjacências desde ano 2000 surge um apelo diante da tamanha gravidade e incidência de tantas meninas vítimas de abuso e exploração sexual, e estas mesmas sem suficiente ou nenhuma atenção devida aos casos.

Desde então, o Lar Santa Mônica localizado no interior do CEU ocupa o coração da Cidade de Fortaleza. O centro geográfico em que interliga toda a cidade e suas maiores limitações, por isso, estende seu carisma e sua missão para acolher e atender meninas de 07 a 18 anos incompletos vítimas do abuso e exploração sexual, contribuindo assim de forma direta e efetiva na amenização da ocorrência dos casos de violência sexual infantojuvenil e no atendimento, através da medida de proteção de acolhimento institucional de diversas meninas vítimas deste tipo de violência.

Através de um trabalho conjunto, interdisciplinar e heterogêneo com diversos atores da Rede de Enfrentamento e Atenção à Infância e Adolescência da Cidade de Fortaleza e o Estado do Ceará, o Lar Santa Mônica tem conseguido resultado ao longo destes 10 anos que fundamentam sua importância e efetiva ação em prol de crianças e adolescentes, sobretudo, meninas vítimas de abuso e exploração sexual.

fotos: André Lima