Sessão Solene rememora a personalidade de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião

28/08/2019 - Câmara Municipal de Fortaleza

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou nesta quarta-feira (28) Sessão Solene para rememorar a personalidade do “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga. A solenidade foi proposta pelo vereador Idalmir Feitosa (PR), primeiro-secretário da Mesa Diretora da CMFor, através do requerimento 2726/2019, aprovado por unanimidade pela Casa Legislativa. A sessão foi presidida pelo vereador Adail Júnior (PDT), […]

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou nesta quarta-feira (28) Sessão Solene para rememorar a personalidade do “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga. A solenidade foi proposta pelo vereador Idalmir Feitosa (PR), primeiro-secretário da Mesa Diretora da CMFor, através do requerimento 2726/2019, aprovado por unanimidade pela Casa Legislativa. A sessão foi presidida pelo vereador Adail Júnior (PDT), primeiro vice-presidente da Câmara, no ato representando o presidente da Casa, vereador Antônio Henrique (PDT).

A mesa de honra contou com a presença das seguintes personalidades: deputado estadual Salmito Filho (PDT); do secretário de Cultura do Estado, Fabiano Piúba; do presidente da Câmara Municipal de Aquiraz, vereador Josimar de Castro; do presidente da Unimed, Dorival Bringel de Olinda; do violonista e apresentador do Programa Sanfona do Brasil, Rodolfo Forte e do primeiro-secretário da Câmara e propositor da sessão, vereador Idalmir Feitosa. Estiveram presentes a solenidade também os vereadores Dr. Eron e Dr. Porto

O vereador Idalmir Feitosa em sua saudação disse que ha 30 anos passado 21 de junho de 1989, Luiz foi internado em Recife, no Hospital Santa Joana e três dias depois faleceu vítima de um ataque cardíaco. Ao rememoramos, temos que lembrar de sua infância e adolescência, quando trabakhava na roça e admirava seu pai Januário, “tocador de 8 baixos”. Teve a proteção do cel Manoel Aires de Alencar, e de suas filhas que com elas aprendeu a ler, escrever e falar correto.

Com dinheiro emprestado pelo Coronel comprou sua sanfona. O primeiro dinheiro recebido foi ao tocar em um casamento. Em 1929, com 17 anos, por causa de um namoro proibido, levou uma surra da mãe. Deixou sua casa. Vem para uma festa no Crato e depois para Fortaleza, onde entra para o Exercito. Com a revolução de 30 viaja pelo país. Em 1933 não entrou para a orquestra em Minas porque não sabia ler escala. Foi para o sul de minas, e com a ausencia do sanfoneiro local, foi indicado como novo sanfoneiro de minas e tocou pela primeira vez em publico. Em1939 ele deixa o Exército, e após 9 anos sem dar notícia para família decide voltar para casa. Enquanto aguardava um navio para retornar a Recife, um soldado aconselhou a ganhar dinheiro tocando na cidade.

Passou a tocar nos bares, foi convidado a tocar nos cabarés da Lapa. Em 1940, um grupo de estudantes cearenses o aconselhou a tocar músicas sertanejas. Ele aceita o conselho e no programa Vira e Mexe, recebe o prêmio de primeiro lugar. Certo dia foi convidado a tocar com Genésio Arruda uma música e foi convidado pelo diretor Ernesto Morais para gravar um disco. Durante 5 anos gravou 70 músicas, fez carreira no rádio e passou a lutar para tocar músicas nordestinas. Fez parceria com Miguel Mendes que colocava letras em suas músicas.

Só em 1940 passou a tocar música genuinamente nordestina. Conheceu o advogado Humberto Teixeira e passou a toca músicas impregnadas de sertão como: Baião, Asa Branca, Calu, Assum Preto, entre outras. Retorna em Recife e em 1949 leva a família para morar com ele no Rio. Em 1980 cantou para o papa João Paulo II em Fortaleza e a convite da cantora Nazaré Pereira se apresentou em Paris. Recebeu dois discos de Ouro. De seu primeiro casamento nasceu Luiz Gonzaga Júnior, que ficou órfão de mãe. De um novo casamento adotou uma menina. Toda essa trajetória mostra o exemplo da perseverança de um homem, que perseguiu seus objetivos até vencer. Foi através da ideia de um amigo, o Rodolfo Forte que solicitei essa sessão que faz Justiça a um homem que em vida propagou a cultura de nossa Região,” concluiu.

Em seguida, foi apresentado um vídeo mostrando um pouco da vida do Rei do Baião. Logo depois aconteceu a entrega de placas aos seguintes homenageados: Antônio Carneiro Portela, radialista e apresentador; Pedro Sampaio, radialista; Darival Bringel de Olinda, presidente da Unimed Ceará; Ana Cecília Araújo, talento infantojuvenil; Jonh Cairo dos Santos Oliveira, talento infantojuvenil; Josimar de Castro, vereador e presidente da Câmara Municipal de Aquiraz; João Salmito Filho, deputado estadual; maestro Adelson Viana; Fabiano dos Santos Piúba, secretário de Cultura do Estado do Ceará; Waldonys José Torres de Menezes, cantor e músico; Chambinho de Acordeon, cantor, músico e ator; maestro Harley França, da Orquestra Contemporânea Brasileira; Maestro Rodolfo Forte; João Bandeira, cantor e sanfoneiro; Raimundo Nonato Lima Neto (Nonatinho do Acordeon), Campeão Brasileiro de Acordeon; professora e doutora em musicologia, Elba Braga Ramalho; Paulo Wanderley Tomás da Silva, maior colecionador de Luiz Gonzaga do Brasil.

Houve um momento musical com os sanfoneiros presentes tocando e cantando Asa Branca. Em nome dos homenageados falou o maestro Rodolfo Forte. “Quero agradecer a Deus por esse momento, vivemos uma época que a música brasileira briga mas sofre com a falta de oportunidade. Temos pessoas aqui exponenciais em suas áreas de atuação. Temos muito de Luiz Gonzaga em cada um dos senhores. Uma pessoa que faz muita falta na televisão brasileira – Carneiro Portela. Uma alegria reconhecer sua figura. Em nome dos comunicadores, tivemos o programa Gonzagão da Cidade, me fazia acordar cedo aos domingos, com Pedro Sampaio. Você estando ou não na Rádio é reconhecido por todos nos pelo seu jeito de se comunicar e fazer poesia”, afirmou.

“Temos os benfeitores, como Dr. Darival Bringel. Essa homenagem é pela atuação de vida do senhor e por estar à frente da Unimed, que impacta diretamente nós músicos. É poeta e sanfoneiro sem tocar música. Mas temos que ter continuidade ao trabalho de Gonzaga. O Ceará é o maior celeiro de acordeonistas do Brasil, temos aqui os maiores acordeonistas da América do Sul. Essas duas crianças, a Cecília, lá de Redenção, 12 anos de idade, fez uma turnê na Suíça e Cairo Oliveira, indígena da tribo Anacé. Essa criança foi para o The Voice Brasil, não ganhou porque pediram para cantar sem acordeon. Dentro de um ano ele vai estrear no filme Luiz Gonzaga II fazendo o Rei do Baião quando criança”, ressaltou.

Ele continuou seu pronunciamento falando de “sua segunda paixão que é politica”. Ele cumprimentou seu colega de Colégio Cearense, o deputado estadual Salmito, “por sua sensibilidade e inteligência e por ser apaixonado por sanfona”. Citou ainda o professor e escritor Fabiano Piúba. “Vou falar como músico, professor universitário e secretário em cinco mandatos. Essa figura se destaca nos últimos anos como a figura mais acessível, mais sensível e mais próxima a arte no Ceará”, pontuou. Citou ainda o vereador Josimar de Castro, presidente da Câmara de Aquiraz.

Quanto aos músicos: destacou maestro Adelson Viana; Chambinho, talento que veio do Piauí pra engrandecer o Ceará; o músico que venceu o maior concurso de sanfona do Brasil, Nonatinho do Acordeon. “Quero citar também o amigo da banda de música do Piamarta, Harley França. Mas agora eu pergunto; quem nunca escutou num domingo ou foi para o Parque do Vaqueiro e pegou engarrafamento para ouvir esse homem, João Bandeira?. Por fim destacou a quem chamou de homem que é luz na terra e no ar, o cantor Waldonis. Enalteceu seus pais, Eurides e Maria da Paz, que cuidaram de Gonzagão nos momentos difíceis de vida.

Ressaltou, ainda, os pesquisadores, como a professora Elba Ramalho, que levou para a Inglaterra, Luiz Gonzaga, fez com que academia respeitasse esse grande artista. “Quero destacar também essa figura que esteve comigo em um momento muito difícil de minha vida, o enterro de Dominguinhos. Você guarda as relíquias de Gonzagão, Paulo Wanderley. E deixei por último, um jovem de mais de 70 anos, que está proporcionando esse momento, o vereador Idalmir Feitosa, Grato pela sensibilidade e pelo carinho!”

No final, houve nova apresentação com os músicos mirins Cecília e Jonh Cairo e a sessão foi encerrada com a participação de todos os músicos presentes cantando os grandes sucessos de Gonzagão.

Perfil

Luiz Gonzaga (1912-1989) é um dos pilares da música brasileira, genial, criador e estilista de todo o contexto artístico. Sanfoneiro, cantor e compositor, recebeu o título de “Rei do Baião”. Foi responsável pela valorização dos ritmos nordestinos, levou o baião, o xote e o xaxado, para todo o pais.

A música “Asa Branca”, feita em parceria com Humberto Teixeira, gravada por Luiz Gonzaga no dia 3 de março de 1947, virou hino do Nordeste brasileiro, vencendo os preconceitos existentes.

Luiz Gonzaga nasceu na Fazenda Caiçara, em Exu, Sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912.

Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, “sanfoneiro de 8 baixos” e Ana Batista de Jesus. O casal teve oito filhos. Luiz Gonzaga desde menino já pegava na enxada, mas preferia ficar olhando o pai tocar sua sanfona. Logo aprendeu a tocar e animar as festinhas da região. Cresceu ajudando o pai na roça e na sanfona, mas também fazia pequenos serviços para os fazendeiros da regiao.

A musica “Asa Branca” foi um dos primeiros grandes sucessos nacionais de Luiz Gonzaga. O disco original foi lançado pela RCA, no dia 3 de março de 1947. Segundo Luiz Gonzaga, a música nasceu como toada, com raízes folclóricas. Com letra de Humberto Teixeira e música de Luiz Gonzaga, a música, retrata o sofrimento do povo do Sertão do Nordeste brasileiro diante da seca que assola a região. Asa Branca foi gravada por diversos cantores, entre eles, Dominguinhos, Sérgio Reis, Baden Pawell e também orquestras europeias.

Luiz Gonzaga lutou durante seis anos contra um câncer de próstata. No dia 21 de junho de 1989, foi internado no Recife, Pernambuco, no Hospital Santa Joana, já bastante debilitado. No dia 2 de agosto de 1989 faleceu vítima de uma parada cardíaca.

Fotos: André Lima