Sessão solene, realizada nesta terça-feira (06), no plenário Fausto Arruda, da Câmara Municipal de Fortaleza, prestou homenagem ao Grupo Chocalho por seus 35 anos de fundação. A solenidade foi proposta pelo vereador Jorge Pinheiro (DC), através do requerimento 1249/2019, aprovado por unanimidade pelo plenário da Casa. A sessão foi presidida pelo vereador Jorge Pinheiro, no ato representando o presidente da CMFor, vereador Antônio Henrique (PDT).

A mesa solene foi composta pelo fundador e presidente do Grupo Chocalho, Auriberto Cavalcante; pelo ex-presidente do TCU e atual presidente Academia Cearense de Letras, Ubiratan Aguiar; pelo advogado e presidente da Academia Brasileira de Direito, Roberto Victor Pereira Ribeiro; vice-presidente do conselho de ética da Associação Cearense de Imprensa, Arlene Portelada.

“Estamos aqui reconhecendo a importância que esse grupo tem para a sociedade fortalezense. Sabemos que nessa época de informação rápida pelas redes sociais, precisamos preservar a tradição e a cultura. Na época do nazismo a cultura sofreu perseguições, pois o povo culto é mais difícil de dominar. Por isso, a importância do Grupo Chocalho, que realiza suas ações de incentivo a cultura sem apoio do poder público. Hoje estamos saudando, homenageando e fazendo um pedido para que continuem cumprindo essa missão árdua. Queremos ajudar a conseguir mais apoio, senão do Poder Público, mas de amigos,” disse o vereador Jorge Pinheiro em sua saudação aos presentes.

Em seguida, fez a entrega de uma placa comemorativa pelos 35 anos de fundação ao grupo Chocalho ao fundador Auriberto Cavalcante. Ato contínuo, o vereador fez a entrega de certificados de participação da sessão solene as seguintes personalidades: Auriberto Cavalcante; Casa Juvenal Galeno (recebida pelo senhor Antônio Galeno); Gerardo Carvalho Frota (Pardal); José Lins de Albuquerque Filho; Solange Olímpio; Vidal Cavalcante; Alana Moreira Cavalcante e Antônio Alves Lima Neto.

O fundador e presidente do Grupo Chocalho, Auriberto Cavalcante, falou em nome da entidade e dos homenageados. “Quero saudar o vereador por seu excelente trabalho e agradecer a presença de todos vocês, principalmente dos chocalheiros. Muitos não puderam estar presentes, por motivo de trabalho. Não é fácil essa luta. São 35 anos de batalha. Antigamente saíamos nas feiras vendendo livros. Éramos humilhados, mas persistimos,” asseverou.

“Quero citar aqui minha amiga Izaíra Silvino, que foi minha professora no Salesiano, na Piedade. Com ela aprendi a admirar a arte a poesia e me tornei mais persistente na defesa da Cultura. É muita emoção! O grupo se reúne na Casa Juvenal Galeno que está fazendo 100 anos. É uma entidade muito importante para o Grupo Chocalho e outras 27 entidades que se reúnem lá. Nesse ano do centenário estamos convidando as pessoas a conhecerem aquela instituição e estamos nessa batalha para que ela se torne cada vez mais acolhedora, pois é a casa dos poetas e escritores do Ceará. Passaram por aquela ela, poetas famosos e figuras que nunca tiveram oportunidade de mostrar seu trabalho,” comentou.

Auriberto enfatizou que a sessão é importante para todos os membros do grupo, não por vaidade, mas como reconhecimento ao trabalho que vem sendo realizado ao longo de três décadas e meia. “No dia 8 de agosto vamos ser homenageados também pela Assembleia Legislativa. Desde quando o Chocalho foi criado, defendemos uma política de leitura e escrita. O que adianta ter produção sem leitores? É por isso, que o Chocalho luta, para termos leitores. Peço a vocês que apoiem nossa luta, que ela é de vocês também,” concluiu.

O vereador Jorge Pinheiro, na continuidade da sessão, firmou o compromisso para criar o Dia Municipal da Cultura, para buscar firmar parcerias com os grupos como o Chocalho e Academias, e para realizar palestras nas escolas e universidades para fomentar a Cultura. “Posso dizer que sou filho da Cultura, pois minha mãe estudava na Escola Técnica e lá conheceu meu pai quando ele declamava em sala de aula um poema. Que mais e mais filhos da cultura nasçam!”

Falou, ainda, o ex-presidente do TCU, Ubiratan Aguiar. “Para quem me acompanha sabe que a poesia e alegria fazem parte da minha vida. Quisera ter o poder de influenciar ou de fazer chegar a imprensa, que substitua a página policial pela página da cultura e da educação. Vamos encaminhar nossos filhos, não com os olhos na violência, mas na sua formação interior. Ah se aqui estivessem os jornalistas para fazer a primeira página dos 35 anos do grupo Chocalho, que nada mais é do que aquela vontade velha do Auriberto e seus companheiros, de ouvindo a voz do sertão, do aboio do gado, viram que era a voz trazia esperança. E esse chocalho é a esperança nossa de parar um momento e pensar em nossos filhos e jovens desse país”.

Ubiratan falou da família, da ética, da moral e da nacionalidade e como a cultura pode contribuir para a melhoria da nação. “Deus deve sempre ser a inspiração maior de todos nós e ele sempre pregou irmãos de mãos dadas. Que Cultura é essa, que poucos são os que vão. Em 1991 eu apresentei um projeto na Câmara Federal, destinando 10% dos jogos das loterias e concursos para o Fundo Nacional de Cultura, foi uma batalha intensa, não consegui os 10%, então o ministro da Cultura e pediu para eu concordar 3%. Até poucos dias fui atrás da lei e havia sido revogada no ano passado. A Cultura desse país hoje tem menos de 1% do orçamento. Que país é esse que não investe na cultura de sua gente”, indagou.

História

O grupo Chocalho foi fundado pelo professor Auriberto Cavalcante no dia 4 de agosto de 1984, com o objetivo de reunir poetas, escritores, artistas plásticos, jornalistas, fotógrafos, músicos e profissionais da cultura, para construir uma consciência profissional e democratizar o acesso às politicas públicas culturais.

Dessa forma, a entidade cearense atua na edição e lançamento de livros, na promoção de festivais de poesia, de recitais em fábricas, praças públicas e escolas, bem como na realização de exposições, congressos e de eventos que divulgam a cultura, especialmente a cearense, em todos os setores da sociedade. Promove anualmente a eleição da “Musa dos poetas do Ceará”. Não tem recursos próprios sobrevivendo pelo apoio de benfeitores e idealistas. O altruísmo e amor a cultura se unem pelo bem da sociedade cearense.