Em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, a Câmara Municipal de Fortaleza inaugura a exposição “Ensaio sobre o autismo”, com fotos e relatos de pessoas que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Nas fotos produzidas por Mateus Dantas, crianças, jovens e adultos que possuem características singulares mostram seus talentos, habilidades e vocações, comprovando que é possível viver uma vida considerada normal, ainda que a sociedade imagine o contrário. Na luta por inclusão, eles demandam de todos nós respeito e igualdade de oportunidades, sem qualquer tipo de discriminação.

É o caso de Fernando Chaparro, 58 anos, pedagogo. Pai de um menino autista, também recebeu o diagnóstico de TEA. É professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e leciona para crianças autistas: “lembro que, quando criança, na escola, eu era tido como ‘estranho’, ficava isolado no fundo da sala e acabava meio que sendo excluído, alvo de bullying. Hoje, em sala de aula, não sei se em decorrência do autismo, me sinto criança. Brinco, ‘bagunço’ com meus alunos. E, nesse brincar, a gente aprende. Mantenho com eles uma relação de igualdade”.

Evelinne Feitoza, 38 anos, servidora pública, também é autista. Atuando em um cargo de supervisão e gestão de patrimônio e suprimentos, demonstra que o diagnóstico não a impede de realizar atividades tradicionais, tampouco trabalhos que exigem confiança, liderança e desempenho. “O autismo é o meu modo de vida. Eu continuo a enxergar o mundo com as minhas convicções, e não me cobro para fazer parte ou para ser aceita pela sociedade. Passei a entender que eu não preciso me encaixar, e que respeitar as diferenças é o primeiro passo para conviver harmoniosamente com tanta diversidade. Eu não preciso ter ‘cara de autista’ para ser respeitada. Todas as pessoas precisam ser respeitadas, e não rotuladas”, conta.

A vereadora Anna Karina (Psol), mãe de Caio dos Santos, 24 anos, universitário e autista, falou sobre os desafios encontrados no Espectro: “O autismo é uma condição humana diferente daquela que costumamos chamar de ‘normal’. É como se houvesse um outro caminho a ser percorrido, que não aquele que a maioria vem percorrendo. Isso faz com que o autista enxergue o mundo de forma diferente. O relacionamento com as outras pessoas tende a ser doloroso. O autista de nível leve se percebe diferente no mundo e sabe que essa diferença não é bem-vinda, aceita, compreendida. Mas são pessoas aptas a muitas coisas que não precisam ser relativas a todos, inclusive no mercado de trabalho”.

Durante a inauguração da exposição, uma abordagem educativa é realizada aos servidores e população com a entrega de panfletos informativos da campanha “Autismo: você é uma peça fundamental nessa conscientização. A mudança começa pela inclusão”.

Além do Ensaio sobre o autismo, a Câmara Municipal de Fortaleza preparou uma programação especial para o mês de abril, com a realização de uma série de ações que visam a conscientização da população sobre o tema, com o Seminário: “Inclusão no mercado de trabalho: as pessoas autistas e a cultura organizacional”, das 14h às 18h, no Auditório do Prédio Anexo da CMFor.

A Câmara Municipal de Fortaleza atendendo solicitação da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), realiza nos dias 8 e 12 de abril, por meio da Central da Cidadania, mutirão de atendimento especializado para as pessoas com autismo, ofertando os serviços de emissão do Cartão de Gratuidade para Pessoas com Deficiência e da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA). O atendimento será ofertado para as famílias cadastradas.

Com colaboração de Thiago Paiva

Foto: JL Rosa