Câmara realiza Audiência Pública para debater a contribuição do Método de Ovulação Billings

28/03/2023 - Câmara Municipal de Fortaleza

O método de ovulação Billings (MOB) é um método natural de planejamento familiar, que permite aos casais conhecer sua fertilidade.

A Câmara Municipal de Fortaleza realizou Audiência Pública, nesta terça-feira (28/03), para debater a contribuição, a eficiência e a aplicação do Método de Ovulação Billings (MOB), atendendo requerimento 766/2023 de autoria do vereador Jorge Pinheiro (PSDB) que presidiu a audiência.

Em sua fala, o vereador Jorge Pinheiro agradeceu aos casais Lúcia e Lupércio e Ângela e Carlos que tem um trabalho de mais de 30 anos na disseminação do MOB. “Aqui vamos ver o que tem sido feito pelo poder público com relação ao método de ovulação Billings. Tudo começou com o Dr. John e sua esposa Evelyn australianos que iniciaram o estudo desse método, tanto no sentido de usar o método para a gravidez como o planejamento familiar. Um método natural. Não falamos de controle demográfico, mas planejar a vida dos filhos, maternidade e paternidade responsáveis”, disse.

“Pensamos em criar uma lei instituindo o dia do método de Ovulação Billings para ver se o poder público poderia encampar a ideia. Na Índia, quando se criou um controle de natalidade muito rigoroso, a Madre Teresa de Calcutá ensinou o método Billings. Queremos que esse método seja ofertado pela rede pública, tanto no Estado como no município. Vi recentemente que os anticoncepcionais podem gerar câncer, problemas como trombose, doenças cardíacas etc, e impõe nas costas da mulher toda responsabilidade. Queremos nessa audiência ouvir os profissionais, especialistas sabendo que esse método é recomendado pela OMS e precisamos dar ampla divulgação desse metodo”, frisou.

Em seguida falou Ângela Maria Andrade Fontenele que trouxe um histórico do método de Ovulação Billings no Ceará e sobre o Planabom. “Quero louvar o casal que foi desbravador e que trouxe esse conhecimento e aplicabilidade nesse método natural e tem feito eco no mundo inteiro. Nós tínhamos quatro filhos e queríamos planejar com algo natural e trouxesse a tranquilidade como casal, conheci irmã Marta Cecilia que veio fazer um curso em Fortaleza em 1993, meu marido tinha planejado em fazer uma vasectomia, mas nosso coração estava inquieto”.

“Éramos 20 casais, depois ficaram quatro e depois dois. Naquele momento era tudo rudimentar. Estudávamos por livros e aprendendo ponto por ponto. Conosco foi tudo muito empírico e criamos o Ceblafam, sediado São Paulo, aqui foi crescendo o movimento. Lucinha foi para o Shalom e lá deu muitos frutos. Íamos na favela ensinar os métodos aos casais, Na Face de Cristo ficamos com o Planabom, temos instrutores, o mais importante é que a graça que recebemos da eficácia desse metodo em nossa vida primeiro nos atingiu e transbordamos porque acreditamos na fé e na razão e na ciência. Estamos nesses 70 anos comemorando as bodas de vinho desse método”.

Lúcia de Fátima Studart Menezes, por sua vez, falou do MOB no Brasil, especialmente no Nordeste e o trabalho desenvolvido pelo Plafam,  que é ministério Shalom de Planejamento Natural. “Temos o Ceplafam – Brasil que representa a entidade internacional que é na Austrália, somos responsáveis pela regional Nordeste. Quero saudar o vereador Jorge Pinheiro, que é uma muralha pela vida. Nossa grande atitude hoje é colaborar com a difusão e desenvolvimento do método. Quando conheci o MOB tinha 35 anos e o método me libertou. E não podemos nos calar. Ceplafam está em 25 estados somos 1.100 instrutores consagrados no Brasil e 145 no Nordeste, ainda somos muito poucos, mas há um desejo de levar esse conhecimento para ir além. O grande problema é a falta de conhecimento do método. Os efeitos colaterais é trazer saúde e tranquilidade aos casais”, comentou.

Em seguida, o vereador Jorge Pinheiro entregou cópia da primeira lei do mundo que trata do Método de Evolução Billings, de sua autoria, criando o Dia do Método de Ovulação Billings e a tradução juramentada da mesma, à Lúcia de Fátima Studart Menezes.

Outros métodos

O Dr. Bruno Pinheiro falou sobre o MOB em comparação com outros métodos de planejamento familiar. “Na medida que as pessoas aprendem a usar o método, ele fica mais eficiente. A mulher vai se conhecendo mais e vendo as mudanças em seu corpo. Não tem efeitos colaterais ou contraindicação. Todos os métodos não naturais causam sérios problemas de saúde, aumentam o risco de câncer de mama após um ano de uso, chega a aumentar 38% o risco com 10 anos de uso”, alertou.

Dra. Debora Brito, médica ginecologista da Sesa, disse que existem pessoas que não vão poder fazer uso de outros métodos hormonais, pílulas “e que é preciso saber que estamos num país que com diversidade de cultura, por isso a política de planejamento reprodutivo deve ser pensado para todos. Esse método ainda vai precisar de instrutores. Temos que pensar políticas públicas para isso. Vivemos numa sociedade de desigualdades de gênero e temos muitas mulheres que não tem opção de fazer sexo quando elas querem, mas é preciso pensar nos casais que tenham mais equidade”. Ela falou, ainda, dos métodos de percepção da fertilidade.

Dra. Luana Rodrigues Sarmento disse que a lei federal 9263/96 diz que o planejamento familiar é direito de todo cidadão. “A grande maioria são mulheres, que mesmo sem ter família querem saber sobre a saúde reprodutiva. Sou instrutora do método, e elas me procuram para ter a independência delas. O método abrange a perfeição do ciclo reprodutivo da mulher. Ele não é baseado na tabelinha, vai mais além, pois faz com que a mulher conheça seu corpo e o ciclo fértil. Temos estudos de alta evidência seguros sobre a eficácia desse estudo” frisou.

O vereador Jorge Pinheiro citou o Artigo 266, parágrafo 7º, que trata do direito da família sobre o planejamento familiar sem que haja alguma coerção do Estado ou entidades privadas.

O vereador Carlos Mesquita pontuou que ao longo desses anos todos como vereador, fez com que a Câmara fosse vista. “Quero dizer para vocês uma coisa, que eu fiz um esforço para estar aqui pois estava em outra cidade, mesmo tendo posições diferentes do vereador Jorge, isso nos aproxima, estou aqui nessa audiência vendo o que ele faz pelas famílias. Ele briga, e quando ele fala todos escutam porque ele traz assuntos sérios. Espero que a Secretaria de Saúde do Município abrace essa causa, que é justa. Vim aqui representando a liderança do governo, e na sessão de amanhã vou falar dessa grande contribuição do Jorginho!”, afirmou.

Rebeca Dourado, médica ginecologista e instrutora do método Billings, falou do MOB na vivencia das doenças ginecológicas. Ela disse que estudo realizado pela OMS, multicêntrico, isto é, realizado em cinco países, analisou vários aspectos que mostrou eficácia do método. “Temos uma população diferenciada e que pode em determinado momento simplesmente entender que não precisa adotar um método somente para espaçar a gravidez, mas para engravidar. É um método efetivo de controle de natalidade”, pontuou. Falou ainda o ex-deputado Carlos Matos.

A mesa foi composta pelas seguintes personalidades: Dra. Debora Brito, médica ginecologista da Sesa; Dr. Lima Alexandre, médico infectologista da Sesa; Dra. Léa Dias, enfermeira articuladora da área técnica da saúde da mulher, representando os secretário João Borges; Lúcia de Fatima Studart Menezes e Lupércio Lemos de Menezes, coordenadores do Ministério Shalom de planejamento da família; Ângela Maria Andrade Fontenele, dentista mestre em saúde pública e Carlos Augusto Siqueira Fontenele, do Planabom, da comunidade Face de Cristo; Luana Rodrigues Sarmento, doutora em saúde coletiva com ênfase em saúde pública; Bruno Pinheiro Coutinho, médico; vereador Carlos Mesquita e Rebeca Dourado, médica.

Encaminhamentos

Um dos encaminhamentos que devemos tirar daqui é que nós marquemos algumas reuniões para que efetivamente esse método possa ser melhor explicado e inserido na rede pública. Queremos o apoio do líder para que esse metodo possa ser efetivado, termos agentes de planejamento familiar na rede pública para ensinar o método, ele não é só para planejar filhos, mas para evitar doenças também. Implantação do metodo seja por meio de oferta de uma unidade de saúde específica, o custo é para capacitar os instrutores, projeto piloto. Encaminhar um oficio para alguns deputados federais para discutir a implantação do ensino do MOB no currículo dos cursos de medicina e enfermagem.

Fotos: André Lima