Debate sobre gravidez na adolescência estará em pauta em fevereiro

01/02/2023 - Rochelle Nogueira

Gestação entre 10 e 19 anos pode acarretar riscos para mães e bebês, alerta médica obstetra.

Gravidez - Foto: Agência Brasil

Com chances maiores para anemia, hipertensão, eclampsia, diabetes gestacional, principalmente para meninas com idade abaixo de 15 anos, devido a formação da pelve não está completa, a médica Rosiane Alves, obstetra da Rede Municipal da Saúde, alerta sobre os riscos de gestação em idade de 10 e 19 anos.

Vale ressaltar que a gravidez na adolescência, conforme explica a gestão municipal, além das questões sociais, psicológicas e afetivas, envolve riscos clínicos que podem ser prejudiciais à mãe e ao bebê.

Segundo a médica Rosiane Alves, a gestação nesta fase da vida, pode ser considerada uma questão de saúde pública. Pensando nisso, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ressalta o debate sobre o assunto que envolve uma atuação intersetorial.

A especialista reforça a oferta de métodos contraceptivos primordiais para evitar a reincidência da gestação na adolescência. “A reincidência da gravidez ainda na adolescência é bastante prejudicial para a mãe e pode trazer danos à saúde, por isso é tão importante a oferta dos métodos contraceptivos, em especial aqueles de longa duração”, finaliza.

Oferta de métodos contraceptivos na Rede Municipal de Saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta de maneira gratuita métodos contraceptivos que ajudam no planejamento familiar. São eles:
– anticoncepcional injetável mensal;
– anticoncepcional injetável trimestral;
– minipílula, pílula combinada;
– pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia seguinte);
-Dispositivo Intrauterino (DIU);
-preservativo feminino e preservativo masculino.

“A distribuição de métodos contraceptivos como pílulas e preservativos acontece nos 116 postos de saúde de Fortaleza. Para as mulheres que optem por métodos de longa duração, como o DIU, temos unidades de saúde que fazem o procedimento, assim como é ofertado à inserção imediata para as mulheres no pós-parto ou pós-abortamento”, afirma Léa Dias, assessora técnica da saúde da mulher.

Assistência às adolescente

As adolescentes devem buscar um dos 116 postos de saúde para o diagnóstico da gestação. O objetivo é iniciar o pré-natal, ainda no primeiro mês ou primeiro trimestre da gravidez.

“As gestantes que estão na faixa etária da adolescência terão acesso ao seu pré-natal na Rede Municipal da Saúde com consultas de médicos e enfermeiros, além de exames laboratoriais. Dispomos, ainda, de serviços especializados caso essa adolescente seja estratificada com gravidez de alto risco”, enfatiza Léa Dias.

De acordo com levantamento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), entre os anos de 2020 e 2022, foram 93.061 nascidos vivos na Capital, onde 10.590 foram de mães entre 10 e 19 anos, destes, 10.185 fizeram seu parto na Rede Municipal de Saúde.

O município de Fortaleza integra o Programa Viva seu Tempo que atua de forma multidisciplinar as questões relacionadas à prevenção a gestação na adolescência, com abordagens sobre métodos contraceptivos, planejamento familiar para evitar a evasão escolar e o apoio às gestantes durante o período letivo.

Além disso, dispõe do Programa Gente Adolescente, que junto à Secretaria Municipal da Educação (SME) desenvolve atividades educativas para fomentar o debate sobre a visão e as expectativas de futuro para os adolescentes. A iniciativa atua nas unidades de saúde, capacitando os profissionais para o cuidado com o público desta faixa etária.

Essas medidas apresentaram resultados positivos ao longo dos anos. Em 2020, foram 3.909 nascidos vivos de mães adolescentes na Capital; em 2022, 3.106, uma redução de aproximadamente 20%.

Nesse sentido, a comunicação é um dos principais métodos para auxiliar os adolescentes na prevenção a gravidez indesejada, segundo informou o psicólogo e sexólogo da Rede Municipal de Saúde, Luiz Henrique Sampaio. Ele explica que a falta de informação favorece a gestação precoce.

“Uma comunicação não violenta, orientativa e não acusatória pode auxiliar os adolescentes a evitarem a primeira ou a reincidência de uma gravidez. Mediante um quadro de gestação nesta faixa etária, o indivíduo vai se sentir fragilizado, muitas vezes não está preparado fisicamente ou psicologicamente para arcar com essas consequências. A falta de informação aparece como o principal fator que favorece o fenômeno gravidez na adolescência”, explica.

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Com informações da Prefeitura Municipal de Fortaleza.