Audiência pública discutiu o projeto ‘Fortaleza Solar’ para aproveitamento de energia limpa e sustentável

24/09/2021 - Rochelle Nogueira

A audiência teve como obejtivo apresentar medidas de incentivo, desenvolvimento tecnológico, uso, instalação de sistema de conversão e aproveitamento de energia solar no município de Fortaleza

Audiência Pública Energia Solar - Imagem: Érika Foneseca

A Câmara Municipal de Fortaleza promoveu na tarde desta sexta-feira, 24, uma audiência pública virtual com o objetivo de debater o projeto de indicação nº 760/2021, proposto pelo vereador Júlio Brizzi (PDT), sobre o programa Fortaleza Solar. O projeto prevê a produção em escala de energia renovável para a cidade de Fortaleza.

De acordo com as informações apresentadas na reunião pelo diretor do Sindienergia-Ce e ABSOLAR, Jonas Becker, o Brasil passou a catalogar energia voltaica solar a partir de 2012. Ao longo do período, foram aplicados R$ 54,1 bilhões em novos investimentos, 312 mil novos empregos, mais de 11,3 milhões de CO2 evitadas, 10,4 GW operacionais e R$ 14,6 bilhões em arrecadação de tributos ao poder público.

Jonas ressaltou que no momento em que o país passa por uma crise hídrica, pouca água nos reservatórios, é necessário repensar novas fonte de energia, haja vista que ela representa 58,9% de nossa matriz enérgica. As projeções para essas novas alternativas de energias limpas, sustentáveis e que auxiliam o meio ambiente, são satisfatórias até o ano de 2050, destacando: 32,2% de energia solar, 30,2% hídrica, 14,2% de energia eólica, 14,7% de gás natural, 4,3% de biomassa, 4,5% outros.

O Nordeste é a região com melhor recurso solar do Brasil. Esse fator climático coloca o Ceará em 10ª posição no país em geração distribuída solar, 223,6, representando 3,4% e Fortaleza, por exemplo, com a 6ª posição no ranking municipal de energia renovável. Nesse cenário, 75,8% da distribuição de energia solar ocorrem em residências, 16,1% em comércios, 6,1% na zona rural, 1,5% indústria, 0,5% poder público, dentre outros.

Becker fundamentou o tema e demonstrou as perspectivas de crescimento promovido por incentivos a conjunção do programa. O diretor ressaltou as tendências de cidades cada vez mais verticalizadas e a matriz energética solar deve se adaptar a esse crescimento. “A gente recomenda que o poder público também dê exemplo nessa esfera e que faça e produza sua própria energia limpa. Parabéns vereador pela iniciativa. Nós como fortalezenses estaremos juntos pra fazer esse projeto andar”, disse.

O vereador Júlio Brizzi (PDT), propositor do indicativo, ressaltou a importância da participação de todos em um projeto de grande dimensão que trará grandes benefícios para a cidade de Fortaleza. “É uma energia limpa, que não polui e ajuda o meio ambiente. São vários ganhos para Fortaleza e as contribuições apresentadas aqui serão essenciais para a cidade que buscamos. Diante das contribuições, vamos pensar na perspectiva da geração de energia solar sob outras óticas de incentivo e na sua apresentação junto ao plano diretor. A partir daí abriremos mais possibilidades para o assunto”, disse o parlamentar atentando que o tema é fundamental para que Fortaleza possa virar referência nacional na produção em escala solar.

O Co-fundador e Presidente Executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauai, evidenciou a relevância do tema, já que passamos por uma das maiores crises hídricas e o déficit está afetando o bolso dos consumidores. “Nesse momento de desafios, e a causa disso é a mudança do clima, é preciso buscar alternativas e as fontes renováveis e a solar faz parte desse processo. O projeto indicativo do vereador Júlio Brizzi aponta para o caminho certo”, colaborou.

Everton Gurgel, Procurador do Município de Fortaleza, fez observações levando em conta o Plano Fortaleza 2040, plano que prevê os próximos passos para a cidade até o ano 2040, considera uma das suas vocações a geração distribuída, uma produtora líquida de energia. “Esse projeto vai na ideia novo sistema elétrico 3D, digitalização das redes inteligentes e uma geração de energia descentralizada. Em setembro de 2019, éramos a 3ª cidade com energia distribuída no país e hoje somos a 6ª. É preciso que o projeto seja aprovado para voltarmos a posição em que estávamos”, declarou.

O vereador Lúcio Bruno (PDT) enfatizou que energia limpa, solar, é o futuro. “Passamos por uma crise hídrica e não aguentamos mais pagar o valor da taxa de energia do jeito que está. A gente tem que procurar outras fontes de energia sustentáveis. Vamos torcer que esse processo dê andamento e a gente possa, quem sabe futuramente, colocar uma matriz de energia nas habitações populares da cidade. Na apresentação nós vimos que 75% da energia solar de Fortaleza é residencial. As pessoas estão buscando energia solar mesmo sem incentivo. 0Vejo como um benefício para a população seja ela de caráter econômico, seja ambiental”.

Mesa virtual

Vereadores pedetistas Júlio Brizzi e Lúcio Bruno, Luis Carlos Queiroz; presidente do Sindienergia-Ce, Jonas Becker; diretor do Sindienergia-Ce e ABSOLAR, Hanter Pessoa; diretor de Geração Distribuída do Sindienergia-Ce, Jurandir Picanço; consultor de Energia da FIEC e Presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará, Joaquim Rolim; coordenador do Núcleo de Energia da FIEC, Rodrigo Sauaia; co-fundador e presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR); Everton Gurgel; procurador do Município de Fortaleza.

Foto: Érika Fonseca