Hospital da Mulher oferece atendimento psicológico e suporte terapêutico aos profissionais de saúde

05/04/2021 - Anna Regadas

A unidade tem se preocupado em garantir a saúde mental e física daqueles que estão na linha de frente no enfrentamento à Covid-19.

Por estarem na linha de frente, os profissionais de saúde são expostos desde ao risco de contágio do novo coronavírus, como à sobrecarga de trabalho. São obrigados a se afastarem da família para não os colocarem em risco e a lidar com perdas diárias de pacientes, até mesmo de colegas da profissão. Neste cenário caótico de uma pandemia como é possível garantir a sanidade, a motivação e o engajamento desses profissionais?

O Hospital da Mulher tem tido esse olhar e preocupação com seus colaboradores. É o que relata Danielle de Oliveira Albuquerque, enfermeira assistencial de pacientes com Covid-19 e coordenadora no Centro de Estudos do hospital. Segundo Danielle, a unidade desenvolveu uma série de cuidados para garantir a saúde física e mental dos profissionais de saúde, e isso os têm ajudado a passar por este momento tão difícil para todos. Além da disponibilização de insumos básicos como equipamentos de proteção e o atendimento médico, os colaboradores também recebem atendimento psicológico e um suporte terapêutico de massoterapia e ventosas.

O hospital também realiza “um minuto de pausa” em todos os seus setores para que os profissionais não fiquem tão estressados com a rotina diária. E promove reuniões semanais para estimular o desenvolvimento de lideranças que atuem no acolhimento e atendimento humanizado dos pacientes.

Danielle lembra que logo no começo da pandemia, ainda em 2020, o medo e a incerteza era sentimentos comuns nos profissionais, mas que a vivência trouxe muito conhecimento. Esse aprendizado, conforme a enfermeira, tem sido fundamental para que os profissionais ofereçam um atendimento de qualidade e humanizado aos pacientes internados na unidade nesta segunda onda que a cidade enfrenta.

A enfermeira Danielle relata um pouco sobre a sua batalha diária na pandemia.

“No início, vivenciamos o medo e a incerteza. Assumi os plantões COVID pela falta de profissionais com aptidão e vontade de trabalhar lá. Enquanto coordenadora, era muito triste não saber o que esperar e o que dizer para confortar a minha equipe, pois essa situação não havia sido vivida antes. Porém, hoje, posso afirmar que somos mais fortes. Nossas equipes estão cada dia mais unidas, as categorias se respeitam muito mais e temos um atendimento multidisciplinar com muita seriedade. A pandemia nos trouxe muito aprendizado. Tivemos muitas perdas, mas também adquirimos muito conhecimento e maturidade”, afirma Danielle.

Danielle chegou a contrair a doença na primeira onda, e teve que se isolar de toda sua família. “Tenho dois filhos bebês e o mais difícil foi manter o isolamento deles. Fiquei afastada do hospital pelo período necessário e desde então redobrei o cuidado. Hoje já estou vacinada, mas mantenho o máximo de cuidado para não colocá-los em risco”, relembra.

Um dos momentos mais difíceis que passou foi quando um de suas colegas de profissão teve a forma mais grave da doença e chegou a ser entubado. “Tivemos que cuidar de um colega que ficou semanas na UTI, mas graças a Deus e aos esforços da nossa equipe ele hoje está se recuperando. Com muitas sequelas ainda, mas com uma evolução importante”, conta.

Ao longo deste período, Danielle vivenciou várias situações, mas em especial recorda de uma mãezinha com 32 semanas, que já tinha seis filhos e teve que se submeter a uma cesárea de urgência na unidade. “Por estar com Covid, ela acabou tendo complicações. Nós fizemos várias tentativas não invasivas. Ela chegou a utilizar o Elmo mas acabou tendo que ser entubada. Toda a equipe se uniu e deu toda a assistência. Uma mãe, uma família toda ali, em nossas mãos”, relata emocionada.

Profissionais oferecem conforto aos pacientes em momentos difíceis da doença.

Hoje Danielle acredita que a vacina é uma esperança de dias melhores, mas enquanto ela não chega para toda a população, afirma que os profissionais têm somado esforços para salvar vidas. ” Tudo promovido com muito carinho e cuidado para acolher e trazer bem estar aos nossos”, conclui.