Especialistas defendem lockdown e vacinação em massa para conter avanço da pandemia

10/03/2021 - Câmara Municipal de Fortaleza

O Ceará busca equilibrar as taxas de oferta e procura de leitos exclusivos para acometidos da doença na Rede Pública de Saúde.

Vacinação H1N1

Com a maior taxa de isolamento social do país, com 42,3% da população atendendo as determinações de permanecer em casa, segundo dados do site do Mapa Brasileiro da COVID-19, o Ceará busca equilibrar as taxas de oferta e procura de leitos exclusivos para acometidos da doença na Rede Pública de Saúde. O Governador Camilo Santana em live, nesta terça-feira (09), anunciou que a rede estadual e conveniados contam atualmente com 1.017 leitos para tratamento de doentes, “a cada semana entregamos novos leitos com toda estrutura para atendimento dos pacientes para o enfrentamento da pandemia”, disse.

O fato é que a taxa de ocupação dos leitos continua alta, com 92,2% de ocupação na Capital, segundo dados do IntegraSus. Atualmente a incidência de casos de COVID-19 em Fortaleza está de 445,7/100 mil habitantes, com tendência crescente. A Capital está no nível 4, ou seja, tem risco altíssimo de contaminação. Já a taxa de positividade em testes RT-PCR chega a 31,6%, com tendência decrescente, o que representa um risco moderado de infecções. A incidência de novos casos de COVID é de 183,4 por dia. Os bairros com maior número de casos, hoje são, pela ordem: Messejana, Itaperi, Meireles, Montese e Aldeota, todos com mais de três mil casos registrados. O bairro com maior número de mortes é a Barra do Ceará, com 141 casos.

Para o professor Edson Teixeira, do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Faculdade de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia de Recursos Naturais da Universidade Federal do Ceará, a melhor saída para a crise continua sendo a vacinação em massa. “Isso já sabíamos antes da Covid e, com a Covid ratificamos isso. Temos dados de Israel que realizou vacinação em massa e reduziu a circulação do vírus. Portanto, a saída para a pandemia é a vacinação em massa da população. Só assim teremos a possibilidade de chegarmos próximos da situação anterior à pandemia”, frisou.

Lockdown

Com relação ao lockdown, ele entende que é a saída possível no atual contexto. “Estamos tratando de uma doença infecciosa transmitida por aerossóis causadas por um vírus. Isso nós conhecíamos há décadas. Sabemos qual é o agente etiológico, o que causa doença, a forma como se transmite. Essas doenças respiratórias são muito comuns com relação a esse tipo de transmissão. O contato de pessoa a pessoa é o que propaga o vírus, então no momento que você reduz o contato entre as pessoas, reduz a probabilidade da doença se propagar em uma determinada comunidade. O Ceará tem mais e 90% dos leitos de UTI ocupados e temos que reduzir a transmissão,”, avalia.

O professor argumenta que existe na literatura cientifica estudos demonstrando a eficácia do lockdown em reduzir a transmissão. Entende que esse procedimento não chega a ser uma panaceia que vai resolver o problema. “Desde o ano passado vários artigos estudaram mais de 190 países e chegaram à conclusão que o isolamento reduziu a transmissão próximo a 50%. Quanto mais rígido, obviamente, maior a taxa de redução de transmissão, ou seja, neste momento que temos apenas 1,5% da população cearense vacinada e o mesmo percentual no Brasil com duas doses, só podemos recorrer ao lockdown para reduzir o caos e o número de mortes que estão acontecendo”, pontuou.

O médico e presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, Guilherme Henn, tem a mesma opinião sobre a necessidade do lockdown. “É a melhor medida em saúde publica para conter a escalada de casos de Covid-19 nos grandes centros urbanos que estão se aproximando da catástrofe. Temos evidencias robustas em diversos países do mundo que só conseguiram conter o colapso e pre-colapso com lockdows”, argumenta.

Ressalta, no entanto, que paralelamente a ao isolamento rígido, os governos devem realizar a vacinação da população, com brevidade. “A vacinação precisa andar de mãos dadas com o isolamento social, para que possamos sair desse isolamento com segurança. Caso a vacinação não seja efetivada, o lockdown será apenas um paliativo temporário”, conclui.

Foto: Érika Fonseca