Especialista alerta sobre necessidade do uso de máscaras após vacina contra Covid-19

14/12/2020 - Anna Regadas

Vacinados terão de esperar pelo menos um mês e meio até estarem inteiramente protegidos contra o vírus, e vida normal só será retomada após a maior parte da população se imunizar.

Desde que a pandemia da Covid-19 teve inicio e se alastrou por diversos países, a resposta mais esperada pela população foi a existência de uma vacina que se provasse eficaz contra a doença e que tudo pudesse voltar à normalidade. Mais de nove meses depois, os cientistas desenvolveram algumas vacinas. Uma delas, a Pfizer, já está sendo distribuída no Reino Unido. No Brasil, a expectativa é que a vacinação comece a ser realizada em janeiro de 2021.

O consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará e médico infectologista do Hospital São José de Doenças Infecciosas, Keny Colares alerta no entanto, que mesmo após ter recebido a vacina, a população ainda deverá manter alguns cuidados como o uso de máscaras já que o corpo leva um tempo para reagir e desenvolver a resposta imunológica. Além disso, uma outra questão faz com que seja preciso manter as medidas de proteção por algum tempo após a vacinação: a maior parte das vacinas sendo desenvolvidas contra a doença exige duas doses para que atinja a eficácia esperada.

Juntando o tempo necessário entre uma dose e outra e o tempo que o corpo precisa para produzir a resposta imunológica, vai ser necessário pelo menos um mês e meio para que alguém que foi vacinado possa ser considerado imunizado.

Segundo o especialista até que a maior parte da população esteja vacinada, a orientação é para que mesmo as pessoas já vacinadas mantenham as medidas de proteção contra o novo coronavírus.

Como funciona o mecanismo da vacina?

O mecanismo geral de funcionamento de uma vacina é o seguinte: ela introduz no corpo uma partícula — chamada antígeno — que produz uma resposta imunológica no corpo e faz com que ele esteja preparado para enfrentar um tentativa de contaminação do corpo caso entre em contato com o vírus no futuro.

Esse antígeno pode ser um vírus desativado (morto), um vírus enfraquecido (incapaz de adoecer alguém), pode ser um pedaço do vírus, alguma proteína que se assemelhe ao vírus ou até mesmo um ácido nucléico (como a vacina da RNA). O antígeno provoca uma resposta imunológica, ou seja, faz com que o corpo se torne capaz de reconhecer aquele vírus e produzir anticorpos para combatê-lo.

Dá próxima vez que entrar em contato com aquele vírus, o corpo já terá a memória de como combatê-lo e conseguirá enfrentar a ameaça de forma rápida e eficiente, impedindo que o vírus contamine o corpo. Essa resposta é chamada de resposta imune adaptativa e ela é específica para cada vírus. O tempo mínimo para a resposta celular do sistema imunológico é de pelo menos 15 dias.

Foto: Mateus Dantas