Prática da leitura pode ajudar as crianças no desenvolvimento e adaptação ao ensino remoto

11/09/2020 - Ana Clara Cabral

Veja como introduzir a leitura no cotidiano das crianças e saiba a importância do hábito para o desenvolvimento infantil.

O ensino remoto trouxe uma nova realidade para o universo escolar. A educação das crianças durante o isolamento social se tornou um desafio para os pais. Mas de que forma isso pode ser contornado para que as crianças não tenham o desenvolvimento prejudicado? Leitura.

Segundo Priscila Celedonio, bibliotecária da Biblioteca José de Alencar da Câmara Municipal de Fortaleza, a leitura é a forma de interpretar tanto o que está escrito como o que está no mundo à nossa volta. “Quando pedimos para a criança ler, interpretar e dar sua opinião, nós treinamos a para o posicionamento e concentração. A leitura é chave no processo de educação”, disse.

Para envolver a criança, é necessário compreender que ela tem uma questão imaginativa muito forte, como reforça a bibliotecária. “Não é tão complicado chamar atenção da criança para a leitura se você conseguir usar objetos que estimulem a imaginação, como vincular um brinquedo que tenha em casa à leitura infantil, contos de fadas ou filmes, por exemplo”, explicou.

Outra dica da Priscila, já para crianças mais velhas, é fazer com que elas sejam mediadoras da leitura através de vlogs. Dessa forma, elas vão ler e contar a história por meio de vídeo. “É um momento de envolvimento da família com a criança e fortalecimento da cultura do livro. Terceirizamos muito essa função para a escola e em casa a leitura fica esquecida, mas o hábito vem principalmente com os exemplos de casa”, completou.

A bibliotecária lembra ainda que é preciso ter paciência e saber qual o gosto da criança. “É importante não impor o hábito e mostrar que é algo natural. Apresentar leituras que tenham mais afinidade, como histórias de ação, de heróis, revista ou gibi. E a partir disso introduzir aquilo que faz parte do próprio conteúdo escolar. “Não é obrigação, mas um momento de lazer com uma contribuição muito grande para o aprendizado”, concluiu.

A arte de comunicar

Segundo Rebeka Amaral, pedagoga da CRIAR Assessoria, a leitura e a escrita tem a função social de comunicar. “Nas escolas e na maioria dos livros didáticos, a preocupação é trabalhar as regras gramaticais. Isso faz com que as crianças não compreendam a função real da leitura e da escrita. O hábito deve ser estimulado primeiro pelos pais, construindo momentos prazerosos de leitura com seus filhos. A escola é uma continuidade”.

Para crianças em fase de alfabetização, a orientação da pedagoga é incentivar a leitura inicial com os rótulos dos quais as crianças têm acesso: “que tal estimular isso na hora que estiverem à mesa, com todos aqueles produtos do café da manhã, ou nas propagandas dos outdoors, nos produtos de higiene, no momento do banho?”.

Rebeka comentou o fato da sociedade viver atualmente um tempo maior com tablets, celulares, computadores e também aprender muito com a tecnologia: “isso não é ruim. O preocupante é o quanto estamos deixando para os computadores ensinarem aos nossos pequenos. O isolamento também fez com que os pais fossem obrigados a acompanhar de perto a vida escolar dos filhos e muitos ainda se irritam com esse fato”.

Para a pedagoga a troca de experiência entre pais, alunos e escola é essencial para o desenvolvimento. “Está claro o quanto delegamos para as escolas toda a educação das nossas crianças. A educação formal é de extrema importância, mas o ensino de habilidades motoras, afetivas, sociais e cognitivas é primordial. Leiam mais, tornem esse momento prazeroso. Conversem mais, usem jogos de tabuleiros. Inventem brincadeiras. Sejam criativos”.

Foto: Reprodução internet