Pesquisa promissora aponta eficácia de antirretrovirais no tratamento da Covid-19

12/08/2020 - Rochelle Nogueira

Medicamentos antirretroviral estão sendo analisados em busca de comprovação que ajude no tratamento de pacientes com Covid-19.

Com a baixa incidência de casos de Covid-19 em pacientes portadores do HIV, vírus da imunodeficiência humana, pesquisas estão sendo direcionadas para este público, pois os que foram acometidos pelo coronavírus não apresentaram gravidade no quadro clínico.

O Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), vem se destacando com a implementação de uma política que visa amparar pesquisas voltadas para Covid-19. Dentre elas, a que mais se destaca, envolve a associação medicamentosa de coquetel antirretroviral utilizado contra infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).

A médica infectologista e coordenadora do núcleo de pesquisa do HSJ, Melissa Medeiros, evidencia que há hipótese de que o tratamento com o medicamento especificado apresente menor gravidade nos efeitos da Covid-19. “A hipótese é de que quem estava em terapia antirretroviral apresente quadro mais leve de Covid”, afirma Melissa, destacando que entre os pacientes com HIV acompanhados pelos HSJ não sofreram com casos graves.

Para a infectologista, a suspeição de “eficácia protetora” percebida pelas medicações, adianta o início de outro protocolo, ainda neste mês, para utilizar a medicação na busca de amenizar quadros mais complexos da enfermidade.

O coordenador administrativo da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, Vando Oliveira, reforçou que não há ainda comprovações científicas que confirme que a medicação utilizada pelos pacientes é eficaz no tratamento contra a Covid-19, no entanto há evidências que poucos tiveram a doença.

“Não tem nada comprovado que o medicamento tenha esse efeito. Ele ainda está sendo estudado. Porém, verificamos que o número de pessoas com HIV, que tiveram covid é muito pequena. Acredito que ele tenha um efeito contrário. São poucos os que pegaram o vírus e os que tiveram foram casos leves”, relatou.

O estudo está sendo realizado pelo Hospital São José em parceria com diferentes órgãos na busca por avanços. Além da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de setores da indústria farmacêutica, a unidade trabalha em conjunto com instituições como a Universidade Federal do Ceará (UFC), em diferentes áreas da endocrinologia e da farmacologia; a Universidade de Fortaleza (Unifor); a Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto (USP), e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Ceará.

Foto: Mateus Dantas