Retomada das aulas presenciais não tem data prevista e deve adotar modelo de ensino híbrido

20/07/2020 - Ana Clara Cabral

O retorno, ainda sem data prevista, deve ser com a implantação de ensino híbrido e sistema de rodízio, além de outros cuidados.

O Plano de Retomada das aulas presenciais no Ceará, está sendo debatido constantemente pelos representantes da Educação municipal e estadual, juntamente com os especialistas em Saúde. Dentro deste tema, uma audiência pública virtual da Assembleia Legislativa do Ceará foi realizada na manhã desta segunda-feira (20).


Foto: Edson Júnio Pio

O deputado Queiroz Filho, presidente da Comissão de Educação da Assembleia – CE, mediou as falas dos convidados e reforçou o objetivo da ocasião: “queremos transmitir à população o trabalho do comitê, servidores públicos e membros de organizações da sociedade civil. Já existe um comitê montado há 20 dias para trabalhar e desenvolver o plano e contamos com uma participação coletiva para isso. E a discussão não será encerrada hoje”, afirmou.

Na audiência, a secretária estadual da Educação, Eliana Estrela, falou sobre não ter uma data prevista para volta às aulas presenciais e comentou sobre a ideia de adotar o ensino híbrido (metodologia que mescla aprendizado online e offline) e sistema de rodízio quando o retorno for estabelecido.

Segundo ela, é necessário olhar para a nossa realidade com sensibilidade para a elaboração do plano e escolha da data. “Precisamos saber quantos professores vão poder voltar no primeiro momento, avaliando o grupo de risco. Temos salas numerosas”, lembrou.

“Sabemos que também estamos lidando com muitos sonhos de concluir logo os estudos, de ingressar em uma universidade. Mas não podemos arriscar a vida de ninguém. Voltaremos quando for seguro”, frisou a secretária.

A professora Elizabeth Almeida, representado o Ministério Público do Ceará, falou que o retorno às atividades presenciais no estado não é rápido por conta das fragilidades a serem enfrentadas. Ela fez um apelo ao acesso à educação de qualidade para todos e aproveitou para parabenizar a forma plural de construção do plano, bem como a cautela nas decisões tomadas pelo estado.

O deputado Renato Roseno citou o que julgou ser prioridade no momento: “estamos atravessando a maior crise das nossas gerações. Precisamos quantificar o investimento na educação, saber quais são as condições mínimas para o trabalho docente na retomada, precisamos de um piso sanitário mínimo. Isso deve ser determinado em lei”.

O deputado Acrízio Sena chamou atenção para a necessidade de protocolos diferentes para os níveis diferentes de ensino, como o infantil e o universitário, além das diferenças de realidades entre os municípios do estado. Além disso, ele pontuou o sentimento de insegurança dos pais e mães com a retomada para justificar o adiamento.

A voz dos estudantes

Jonathan Sales, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e da União Socialista da Juventude (UJS), achou “valoroso” que o poder público tenha acolhido os estudantes para o diálogo e comentou sobre o tema: “ter uma data para a retomada ainda é precipitado. A vida deve estar em primeiro lugar. Há muitas especificidades a serem observadas para o plano”.

A Jéssica Rebouças, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), completou: “estamos sempre disponíveis para conversar com o poder público porque sabemos que os principais afetados no retorno são os alunos. É importante também pensar no tempo hábil de um ou dois meses para que as escolas consigam se preparar para receber os estudantes”.

Fundeb

A votação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) que acontecerá hoje na Câmara, em Brasília, também foi assunto na audiência de hoje. “Educação não é gasto, é investimento. Precisamos do apoio de todos para a aprovação e para que o Fundeb seja permanente, ao invés de todo ano nos preocuparmos em como a educação vai ficar”, destacou Eliane Estrela.

O vereador Evaldo Lima (PCdoB), presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Fortaleza falou sobre isso: “hoje é um dia histórico para a Educação por causa da votação no novo Fundeb. Temos assistido algumas manobras do governo federal que mostram a falta do compromisso com a Educação”.

“Sem a renovação do Fundo, 25 milhões de estudantes podem ser afetados, além do pagamento do salário dos professores e demais investimentos fundamentais para o ensino público no Brasil”, finalizou.

Foto: Mateus Dantas