Covid-19: população surda conta com intérpretes para esclarecimento de dúvidas

30/06/2020 - Rochelle Nogueira

No Brasil, 10,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva, sendo que 9% nasceram com essa condição e 91% adquirirem ao longo da vida, metade antes dos 50 anos.

Uma fatia da população brasileira é acometida pela surdez. Ao todo, 10,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva atingindo 54% de homens e 46% de mulheres. Os índices são resultado do estudo realizado pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda. Dentro desse universo, 2,3 milhões de pessoas têm deficiência severa, com predominância para a faixa acima dos 60 anos de idade (57%). Ressalta-se ainda que 9% das pessoas com deficiência auditiva nasceram com essa condição e 91% adquirirem ao longo da vida, sendo que metade foi antes dos 50 anos.

Pensando nessa parcela da população, garantido o direito a acessibilidade e para a garantia dela, a Central de Interpretação de Libras (CIL) atua como elo entre ouvintes e a comunidade surda, promovendo autonomia e acesso aos serviços públicos.

Vale ressaltar que a Central de Interpretação de Libras iniciou os atendimentos à população surda do Estado do Ceará há 5 anos, em 2015, reforçando que as maiores dificuldades relatadas por essa comunidade estão relacionadas à violência física e a questões financeiras.

Durante o isolamento social, o serviço continua sendo prestado, ocorrendo remotamente e presencialmente, quando necessário. A Central integra a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Pessoa Idosa e Pessoa com Deficiência (Copid) da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).

“Neste período de isolamento social estamos recebendo muitas solicitações das áreas da saúde e segurança. Temos muitas demandas de hospitais, Promotoria de Justiça, Delegacia de Proteção a Pessoas com Deficiência e da própria Casa da Mulher Brasileira, por conta do aumento no número de denúncias de violência contra a mulher surda”, destaca a coordenadora da Copid, Vyna Leite, destacando que as demandas vão desde interpretações médicas, jurídica, policial, INSS, Sine IDT, dentre outras.

A CIL Ceará conta atualmente com três intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras): Aljaniele Amorim, Fabiano Farias e Michael Silva. Os profissionais auxiliam pessoas com deficiência auditiva, surdos e surdocegos com tradução e interpretação da linguagem de sinais.

Para Rebeca Jordão que trabalha na Câmara Municipal de Fortaleza, é importante garantir o espaço para os intérpretes de libras em todas os núcleos públicos, haja vista que este é um direito assegurado pela comunidade surda. No período de pandemia é necessário que os espaços ofereçam um serviço direcionado.

Foto de arquivo pessoal.

“Além de ter uma legislação Federal que assegura esse direito aos surdos, é a garantia de acessibilidade. O ideal era que todos os profissionais de órgãos públicos fossem capacitados, mas isso ainda é uma utopia. Este é um serviço necessário pelo menos para o surdo ter acesso pleno em um hospital público, em uma consulta no posto de saúde, para terem suas necessidades atendidas. Por isso, a importância dos intérpretes como canal de comunicação principalmente neste período”, relatou Rebeca Jordão.

Com informações do Governo do Estado do Ceará.

Foto: Reprodução/Internet