Cresce número de casos confirmados de Covid-19 em comunidades indígenas cearenses; há 4 óbitos

18/06/2020 - Câmara Municipal de Fortaleza

O número de confirmações subiu 839% em um mês. Mesmo assim, liderança indígena relata testagem insuficiente para as comunidades

Em pouco mais de um mês, entre o dia 13 de maio e a última terça-feira, 16, os casos confirmados de Covid-19 em comunidades indígenas do Ceará subiram de 23 para 216, um salto percentual de 839%, segundo boletim divulgado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Governo Federal. O documento especifica que, no Estado, há registro de 53 casos suspeitos, 213 descartados, 116 curados, quatro óbitos e 96 infectados atualmente.

Informe feito a nível estadual pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Ceará detalha que a maior quantidade de casos confirmados (93) se concentra no polo da Caucaia, onde habita a maior parte da comunidade indígena cearense. Contudo, de acordo com o documento, a maior parte de infectados atualmente (48) está no polo Itarema, que abrange comunidades indígenas localizadas nos municípios de Itarema, Itapipoca e Acaraú.

Neto Pitaguary, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará (Condisi-CE), quem passou o relatório estadual, disse que “a falta de testes é, ainda, uma realidade” e que isso dificulta o acompanhamento da evolução da pandemia de Covid-19 nas comunidades.

Em matéria publicada pela CMFor no último 14 de maio, o advogado Weibe Tapeba, assessor jurídico da Federação Estadual dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e vereador de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, havia denunciado dificuldades no acesso a serviços públicos de saúde pelos indígenas, incluindo o acesso às testagens para diagnóstico do novo coronavírus.

Situação nacional

Até o último 13 de junho, a Sesai tinha registrado 5,3 mil casos notificados de Covid-19 em indígenas no Brasil. Desses, 2,8 mil foram confirmados, 2,2 mil, descartados, e 186, excluídos. Dos positivos, 97, até essa data, evoluíram para óbito. Hoje, já são 103. Conforme o boletim epidemiológico do Governo, a taxa de mortalidade mais alta foi observada entre o grupo de maiores de 80 anos de idade, seguido pelo grupo entre 70 e 79 anos.

Perdas

O Ceará perdeu quatro indígenas para a pandemia de Covid-19 e outros quatro óbitos seguem em investigação. Entre as mortes confirmadas, a de um homem da etnia Tapeba, um homem da etnia Anacé, um homem da etnia Pitaguary e uma mulher da etnia Tabajara.

Foto: Evilázio Bezerra