Covid-19: pesquisadores do Ceará desenvolvem teste rápido

17/06/2020 - Rochelle Nogueira

A nova técnica rastreia a presença de fragmentos de material genético do vírus, diferentemente do método RT-qPCR tradicional.

Na expectativa de ofertar um método de testagem para o diagnóstico da Covid-19 mais rápido e mais barato, pesquisadores do Instituto Nacional de Biomedicina do Semiárido Brasileiro, vinculado à Faculdade de Medicina (FAMED), em parceria com pesquisadores do Hospital São José de Doenças Infecciosas, do Laboratório Central do Estado, ambos ligados ao Governo do Ceará, e com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), de Ribeirão Preto, vem desenvolvendo testagens.

Ainda sendo um projeto em desenvolvimento, o novo exame apresentou bons resultados em testes realizados na Universidade Federal do Ceará, com desempenho semelhante ao modelo tradicional de testes, o RT-qPCR. A equipe de pesquisadores busca financiamento das agências de pesquisa para avaliar a especificidade e a sensibilidade da nova técnica, inclusive a possibilidade de ela gerar falsos positivos e falsos negativos.

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Vale salientar que a nova técnica rastreia a presença de fragmentos de material genético do vírus, diferentemente do método RT-qPCR tradicional. Outra vantagem é a fácil leitura do resultado, que passa a ser visual, parecida com a de um exame de gravidez comprado em farmácia, ao passo que o tradicional exame precisa de software específico.

A equipe da UFC é liderada pelos professores Aldo Lima e Alexandre Havt e conta com a participação dos professores Armênio Santos, Pedro Magalhães, Marcellus Souza, Miguel Souza e Roberto da Justa. Do Hospital São José, participam os médicos Érico Arruda e Melissa Medeiros. Da USP de Ribeirão Preto, participa o Prof. Eurico Arruda Neto, virologista especialista em coronavírus. No LACEN atuam as farmacêuticas Liana Perdigão, Vânia Viana e Karene Cavalcante.

Testagem atual para a Covid-19

Atualmente, há dois tipos de exames para a covid-19:

  • PCR: considerado padrão-ouro, busca fragmentos moleculares do material genético do novo coronavírus. É capaz de dizer com precisão se uma pessoa está com o vírus naquele momento, mas é um exame de alto custo e cujo resultado leva horas para ser realizado.
  • Teste rápido: Esses testes se baseiam na detecção de anticorpos contra o vírus. Devem ser aplicados em pessoas que estão com a doença instalada há dias, tempo suficiente para o desenvolvimento dos anticorpos pelo organismo.

O experimento em desenvolvimento baseou-se em uma metodologia desenvolvida no Japão no início dos anos 2000 e inicialmente adaptada por pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco para a identificação do zikavírus. A rede que envolve os pesquisadores do Ceará e de São Paulo resolveu aplicá-la para o novo coronavírus.

Com informações da Universidade Federal do Ceará

Foto: Agência Brasil