Covid-19: como a pandemia mudou a didática de ensino

15/06/2020 - Rochelle Nogueira

As novas tecnologias, as aulas na plataforma digital, são ferramentas que ajudam no processo de aprendizado de crianças e adolescentes.

O processo de aprendizado, as novas formas de repassar conhecimento, foram estratégias repensadas pelas escolas que precisaram se reinventar diante da pandemia pelo novo coronavírus. A inserção das tecnologias, a tarefa de rever o modelo de aula para prender a atenção dos alunos, não é tarefa fácil.

Durante os meses que precisam estar em isolamento social, a vida das crianças sofreu alterações. Para a pós graduanda em neuropsicopedagogia, Débora Menezes, a saúde mental delas devem ser estimuladas, pois de acordo com a idade, podem ser traçados combinados de ações com relação à rotina de estudos, brincadeiras, alimentação. “Esses combinados podem englobar o respeito às atividades da mãe e do pai que estejam realizando trabalhos remotos e aos irmãos mais velhos que estejam também em momentos de estudo. Porém é imprescindível que pais e filhos também destinem momentos a ficarem juntos, nas refeições ou em momentos de distração e conversas para fortalecer o vínculo e todos saírem um pouquinho dos eletrônicos”, alertou.

A neuropsicopedagoga reforça que nesse novo sistema vivenciado pela população, a rotina de aulas e a participação dos pais nesse processo de aprendizado, devem direcionar os filhos para o desenvolvimento da autonomia. “Os pais podem, se tiverem condições, assistir a aula junto com as crianças pequenas e ajudá-las a interagir com as atividades propostas. Não há necessidade de assistirem a aula junto, se a criança já for do ensino fundamental, mas se faz necessário o acompanhamento e checagem das aulas assistidas e tarefas realizadas”, evidenciou.

Foto de arquivo pessoal.

O papel da escola nesse momento é o mais desafiador de todos, pois precisou se reinventar para caber nas telas e, conforme disse Débora Menezes, infelizmente o foco agora está no conteúdo e a escola é muito mais do que ensina. “Escola é relacionamento com o aluno, com a família, aluno com aluno, professor com aluno e vice versa. Talvez exatamente por isso algumas escolas e muitos alunos estejam achando tudo isso tão complicado, porque afastou todo o conjunto da obra que envolve a aprendizagem e ficamos apenas com quem ensina e quem aprende, ligados por uma tela fria. Uma outra coisa que não pode passar despercebido pelas escolas é a educação de crianças e jovens com necessidades especiais, nenhum professor ou escola pode pensar a sua prática sem atingir a esses alunos seja presencial ou remotamente”.

Para ela, os professores precisam sair da lousa ou do PowerPoint e devem aproveitar que as crianças e os adolescentes estão com internet e materiais de utensílios de casa e podem utilizá-los para experienciar o conhecimento. “Esse é um momento em que, se os professores e as escolas se permitirem ousar, sairão muito mais criativos em suas práticas para o além quarentena”.

Foto de arquivo pessoal.

A mãe do pequeno Luis Otávio de 8 anos acredita que as atividades escolares no ambiente digital devem ser repensadas de modo a se tornarem mais atrativas. Quanto as diversas atividades que precisa realizar e conciliar com as aulas online do filho, conta sobre as dificuldades desse momento. “Em relação a trabalhar e ensinar às vezes acho que não dou conta, pois trabalho, acompanho as aulas, faço almoço, cuido da casa, sou síndica, então, às vezes, tenho que abrir mão de algum momento. Quanto a escola, minha sugestão é tornar as aulas mais interessantes, que chamem mais a atenção do aluno. Também deveriam disponibilizar as aulas para serem acessadas ou revistas em outros horários”, comentou Janice Rosa, fonoaudióloga.