Covid-19: pacientes transplantados devem redobrar a atenção e os cuidados

26/05/2020 - Rochelle Nogueira

Atendimento aos transplantados do Hospital Walter Cantídio passa por adaptação no período de pandemia.

No grupo de pessoas que têm imunidade mais baixa devido ao uso de medicamentos que tomam durante toda a vida, os pacientes transplantados vem se adaptando a nova rotina de tratamento. Essa parcela da população, vulnerável aos diversos problemas de saúde, devem redobrar a atenção e os cuidados neste período de pandemia do novo coronavírus.

E para a proteção dos pacientes e profissionais, segundo a assessoria de imprensa do Hospital Walter Cantídio, as unidades de saúde tiveram de se adaptar a pandemia e ao isolamento social seguindo recomendações das autoridades competentes. As consultas estão acontecendo por telefone e presencialmente (casos que precisam ser vistos pessoalmente). Em média são atendidos entre 7 e 8 pacientes por teleatendimento, e de 7 a 8 presenciais.

Dra. Paula Frassinetti Castelo Branco, nefrologista há 30 anos, reforçou que pessoas transplantadas tomam remédios imunossupressores para evitar a rejeição do órgão e, por isso, tem a imunidade suprimida. “Ficam mais susceptíveis a ter infecções por vírus, fungos e bactérias”, relatou.

Para a médica os cuidados em relação ao coronavírus deve ser os mesmos que todas as pessoas. “Ficar em casa. Usar máscara. Lavar as mãos com frequência ou usar álcool gel; lavar tudo que chegar de fora em casa: compras de supermercado, farmácia etc.  Não tocar no rosto, boca, nariz e se o fizer lavar as mãos. Até cozinhar, deve ser feito com máscara. Como recebem medicação que interfere no sistema imunológico devem seguir as medidas rigorosamente porque estão dentro do grupo de maior risco de contrair a Covid-19”, disse.

“Os pacientes estão com receio de sair de casa e estão aceitando bem nossas orientações. Eles precisam ir pelo menos uma vez ao mês ao hospital para receber a medicação imunossupressora, então eles pedem a um parente para ir pegar. Os médicos têm trabalhado muito, temos que nos adaptar a esta nova situação que é estressante. Mas estamos lutando dia a dia e confiantes de que em breve vai diminuir o número de casos e isto tudo vai passar”, finalizou Dra. Paula Frassinetti Castelo Branco.

O pintor Robério Lima, 42 anos, pertence ao grupo de risco, ele passou por transplante de rim. Segundo o paciente a pandemia alterou toda a sua rotina de tratamento no Hospital Universitário Walter Cantídio. Robério relata que antes precisava ir até três vezes a unidade para a marcação de exames e consulta médica, mas com o surto o hospital alterou a forma de atendimento e passou a ir somente uma vez no mês.

Segundo o paciente o sistema operacional do hospital dá suporte aos profissionais no atendimento à distância. “Por exemplo, eu faço o exame de sangue e o resultado fica no sistema. A doutora que é responsável por mim, que me acompanha, puxa os meus exames e me liga informando o resultado, quais os procedimentos a partir dele, se devo continuar a medicação”, afirmou Robério.

“Comecei a fazer hemodiálise lá por 3 anos. Fiz todos os exames necessários e sai de lá transplantado. Sou muito bem acompanhado pela equipe médica do hospital. Recentemente peguei uma gripe até suspeita, mas fui orientado pela minha médica em uma consulta por telefone mesmo”, ressaltou Robério Lima.

Foto: Mateus Dantas