Covid-19: IFCE cria força-tarefa para desenvolver equipamentos de baixo custo e produzir EPIs

08/05/2020 - Câmara Municipal de Fortaleza

As ações são realizadas nos diversos campus do Instituto Federal no Ceará.

IFCE - Foto:: Érika Fonseca

O trabalho de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus vem fortalecendo o papel das pesquisas e de projetos de cooperação. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) está ultrapassado as barreiras de seus campi para participar da força-tarefa da sociedade no desenvolvimento de protótipos de suporte à saúde, além de equipamentos de proteção individual e materiais de higiene e limpeza.

Raios ultravioletas

Os professores e alunos das áreas de Telemática e Indústria do IFCE trabalham no desenvolvimento de protótipos de equipamentos de desinfecção de ambientes com uso de raios ultravioletas, novo método para esterilizar superfícies contaminadas pela Covid- 19.  O Hospital Albert Sabin e a Associação Peter Pan receberam as primeiras unidades doadas. Realizado no campus de Fortaleza do IFCE, o projeto inclui a concepção e montagem de protótipos, elaboração de manual de instrução e a produção dos dispositivos em pelo menos duas versões: a primeira é um rodo; e a segunda, uma caixa para ser acoplada a ambientes.

O protótipo do rodo tem custo de R$ 134,46 – Foto: Reprodução internet

No rodo, o material foi planejado para que não ocorra transmissão acidental. Foi incluído um obturador que regula e pode até vedar a transmissão da luz. Quanto ao segundo equipamento, trata-se de uma caixa com uma lâmpada dentro projetada pensando nas salas de desparamentação dos profissionais de saúde. A emissão dos raios em baixa incidência não prejudica a quem está no ambiente.

O Departamento de Indústria do IFCE de Fortaleza trabalha na produção de 100 unidades para distribuição sem custos a entidades que necessitem do material. O protótipo do rodo tem custo de R$ 134,46, o que é considerado baixo pelo pesquisador. Com valor total de R$ 13.135,00, o projeto foi aprovado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica – SETEC do MEC. Nesta nova ação em prol do controle da pandemia, estão envolvidos, sob a supervisão de docentes, mais de 15 alunos dos cursos Técnico em Mecânica, bacharelados em Engenharia Mecatrônica e em Engenharia de Telecomunicações, além do Mestrado em Engenharia de Telecomunicações.

Ventilador mecânico de baixo custo

Orçado em R$ 3 mil, o projeto é cinco vezes mais barato do que os dispositivos disponíveis no mercado

A pesquisa conta com um grupo multidisciplinar de estudantes do IFCE, da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e do Instituto CENTEC realiza um estudo para desenvolver ventiladores de baixo custo para serem utilizados em pacientes acometidos de Covid-19. Desde o início de abril, eles trabalham no Rispira, um modelo de ventilador mecânico de baixo custo.

Orçado em R$ 3 mil, o projeto é cinco vezes mais barato do que os dispositivos disponíveis no mercado. Agora, o grupo busca recursos para produzir o protótipo. A maior parte da equipe do Rispira é formada por alunos do IFCE. Participam do projeto Eduardo Morais e Emanuel Sousa, da Engenharia de Mecatrônica; Johnson Peixoto e José Mateus, da Engenharia de Computação; Enzo Portela e Marcos Felipe, do Técnico Integrado em Mecânica Industrial; David Moura, da Licenciatura em Física; André Lima, da Mecatrônica Industrial; e Mariane Lopes, do curso de Tecnologia em Telemática, além dos ex-alunos Ítalo César (Eletrotécnica) e André Oliveira (Mecatrônica Industrial).

Uma das inovações do modelo proposto é que o ventilador e o umidificador são integrados. De acordo com Eduardo Morais, os estudantes necessitam de R$ 5 mil para produzir o protótipo, pensando nos custos adicionais com frete de materiais e outros acessórios. A estimativa é que até junho o protótipo do Rispira esteja pronto. Acesse a vaquinha virtual. Mais informações: @rispira

Além da pesquisas de equipamentos como respiradores e outros equipamentos, os alunos e professores têm se empenhado na busca de soluções mais práticas e com baixo custo, com a produção de itens de higiene e limpeza e Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

A força-tarefa do campus de Maracanaú contou com o trabalho de docentes e alunos bolsistas da unidade, dos eixos da Indústria e da Química e Meio Ambiente – Foto: Reprodução internet

No IFCE de Maracanaú, produtos de higiene/ limpeza e protetores faciais, para profissionais de saúde, foram confeccionados por professores e estudantes para doação à comunidade. Foram contemplados com os materiais a comunidade Antônio Justa e a Secretária de Saúde do município de Maracanaú. . Os protetores faciais foram confeccionados de acordo com as especificações do Inmetro. A produção dos itens de limpeza e higiene teve o apoio de empresas e coletivos sociais.

Já por iniciativa, do Campus de Sobral foram produzidas máscaras de proteção facial (face shields) para doar a unidades de saúde da Região Metropolitana de Sobral. A ação foi contemplada no Desafio Covid-19 da Companhia Vale do Rio Doce, com R$ 75 mil, o que permitirá aumentar a capacidade de produção de 250 para 625 face shields por semana, totalizando cinco mil unidades. O valor será usado para compra de equipamentos, como máquina de corte a laser e impressoras 3D. Toda a produção será doada para profissionais de saúde de unidades hospitalares, ampliando o número de municípios contemplados. Os equipamentos seguem as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os campus de Jaguaribe, Acaraú e Tauá também realizam projetos de fabricação de protetores faciais.

Incetivo à pesquisa

O Instituto lançou uma chamada interna de apoio a projetos voltados para o enfrentamento da emergência de saúde pública internacional decorrente da pandemia da Covid-19 causada pelo novo coronavírus. De acordo com o regulamento, as iniciativas selecionadas poderão receber auxílio financeiro no valor de até R$ 5 mil para custeio da execução das propostas beneficiadas. Cada proposta poderá prever até cinco servidores envolvidos e um período de execução de até seis meses com trabalhos de prevenção, de tratamento ou de combate ao coronavírus.

Manutenção de respiradores

O IFCE passou a integrar uma força-tarefa de manutenção e reparo de respiradores no Ceará. A ação é encabeçada pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e a Universidade Federal do Ceará (UFC). A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que haja cerca de 3.600 respiradores fora de operação por falta de manutenção no Brasil. Cada aparelho pode salvar até 10 pessoas.

Foto destaque: Érika Fonseca