Testes clínicos: saiba como a Medicina vem tratando a Covid-19

06/05/2020 - Adriana Albuquerque

O isolamento social ainda é o melhor remédio contra o coronavírus. Evite a automedicação

Pesquisadores e profissionais da saúde do mundo todo estão numa corrida contra o tempo para salvar vidas. Com um inimigo invisível, conhecido como Covid-19, as autoridades de saúde se mobilizam para desenvolver estudos e testes clínicos com medicamentos já existentes para combater o novo coronavírus.

E para entender como vem sendo este processo no Brasil, e especificamente no Ceará, conversamos com o médico infectologista do Hospital São José, Dr. Anastácio Queiroz, que reforçou a gravidade do momento enfrentado pela saúde mundial e como vem sendo a utilização de alguns medicações no tratamento de pacientes com Covid-19.

O infectologista destacou duas fases da doença (viral e a pulmonar), com tratamento domiciliar no início dos sintomas da infecção e na segunda fase, com o agravamento do quadro viral, a internação. Neste contexto, Dr. Anastácio Queiroz fala sobre a utilização das medicações no âmbito domiciliar e hospitalar.

Tratamento ambulatorial

“O coronavírus tem uma fase inicial, que é fase viral, suplementado com a Azitromicina e a Hidroxicloroquina. É uma recomendação que sempre que possível associar um suplemento com Zinco, com a ministração de 60 mg por dia. Evidentemente que temos outras medicações que foram testadas, como é o caso da medicação para a Aids que não se mostrou efetiva, que é o Kaletra (Lopinavir/Ritonavir )”, explicou o infectologista.

Dr. Anastácio faz algumas ponderações em relação ao uso do Remdesevir, alertando que não pode ser usado na fase inicial da doença, devido ser uma droga de uso intravenoso. O médico atenta que no estágio viral a pessoa infectada está fazendo o tratamento em casa e que o recomendado é a ministração de Azitromicina e Hidrocloroquina.

Tratamento hospitalar

Na segunda ou terceira fase da doença, como explica o médico infectologista, o paciente apresenta um aumento na produção de substâncias inflamatórias e fenômenos de coagulação, e neste momento são avaliados o uso de cortiesteroides com base em exames de sangue. “As pessoas hospitaladas com quadro respiratório muito sintomático e com comprometimento pulmonar são avaliada para o uso cortiesteroides, bem como depois de alguns exames as pessoas poderão receber anticoagulantes”, explicou.

O profissional fala ainda dos pacientes com doenças cardíacas, que para o início de tratamento hospitalar, é necessário realizar uma tomografia, além dos exames de sangue. “Toda medicação para ser ministrada é necessário fazer uma avaliação por meio de exames de sangue diversos, além de tomografia”.

A atenção vem sendo redobrada para que não aconteça o uso indiscriminado de medicamentos, vitaminas e antioxidantes sem qualquer comprovação cientifica para o tratamento da Covid-19. Apesar dos testes em andamento com vários remédios, ainda não existe um tratamento voltado especificamente para o coronavírus. Dr. Anastácio Queiroz reforça os risco da automedicação.

“A automedicação deve ser desestimulada, porque a pessoa não sabe a dose da medicação, os sintomas não melhoram e acaba que aumenta a dose. E toda medicação por mais segura que seja quando usada de modo inadequado pode até matar”, reforça Dr. Anastácio Queiroz.

Tratamento com plasma – Para o médico infectologista, este é um tratamento de alto custo e complexo. Uma técnica experimental que requer muita atenção na manipulação do plasma de um paciente curado da Covi-19 para injetar em pacientes em tratamento hospitalar. “Uma terapia extramente cara que nunca estará disponível para toda as pessoas em geral”, atentou.

Dr. Anastácio Queiroz reforça os avanços de pesquisas no desenvolvimento de uma vacina contra o Coronavírus e que esta será uma medida eficaz na imunização das pessoas que ainda não foram infectadas pela Covid-19. “A vacina será o único meio de proteger aqueles que ainda não tiveram a doença, espero que até o fim do ano ou primeiro semestre de 2021 tenhamos uma vacina, pois as pesquisas para essa doença tem evoluído”, pontuou.

Foto: Mateus Dantas