COVID-19: Respirador de baixo custo é desenvolvido no Ceará

29/04/2020 - Câmara Municipal de Fortaleza

O equipamento aguarda teste finais e aprovação para começar a ser produzido.

Foto: Divulgação ESP/CE

O esforço de vários segmentos da sociedade vem sendo um aliado primordial na luta contra à pandemia do coronavírus. Neste sentido, na procura de reduzir os casos graves de Covid-19 e desafogar as UTIs, foi desenvolvido em nosso Estado um capacete de respiração assistida, batizado de “Elmo”. O equipamento já está em fase final de testes e na próxima semana passará por ensaios clínicos para posteriormente ser produzido em larga escala.  

A criação do equipamento é fruto de uma verdadeira força-tarefa que envolve Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde, Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), além da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará)e, ainda, a (UFC) e (Unifor).

De acordo com David Guaribara, especialista em engenharia clínica pela ESP/CE, o novo modelo prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não invasivo, sem necessidade de o paciente ser intubado, com maior segurança também para os profissionais de saúde. O engenheiro ainda relatou que a equipe de pesquisadores está amimada com a eficácia do conceito adotado na tecnologia. “Serão redefinidos alguns materiais que possam trazer uma melhor usabilidade, conforto e ergonomia”, explica.

A equipe de pesquisadores para esta nova fase já está definida e será coordenada pelo superintendente da ESP/CE, Marcelo Alcantara. Se validados os testes em pacientes, o próximo passo é a produção dos modelos definitivos e repasse para hospitais no menor tempo possível.

Além da promessa de ajudar a desafogar as UTIs que já estão ficando saturadas de pacientes com o coronavírus, o Elmo terá um papel importante para que os pacientes não precisem ser levados para os leitos de UTIs. Outra vantagem do Elmo é o baixo custo, que garante facilidade de produção em larga escala. Enquanto uma máquina de ventilação mecânica custa em média 70 mil reais, o capacete respirador sai a um custo de cerca de 300 reais, a unidade.

O modelo segue um tipo adotado em países da Europa, como a Itália, que teve bons resultados, com redução da necessidade de aparelhos de ventilação mecânica em cerca de 60%. O equipamento pode ainda ser desinfectado e reutilizado.

Segundo o diretor de inovação da Funcap, professor Jorge Soares, o desenvolvimento do Elmo foi possível graças a uma articulação eficiente que garantiu o projeto, a prototipação e os testes finais. “Por atuar como um hub de ciência e inovação no Estado, a Funcap facilitou a articulação de equipes de várias instituições. Estamos próximos do Produto Mínimo Viável, que é a versão mais simples de um produto possível de ser lançado. Para a fabricação em larga escala, deverá levar mais umas 4 ou 5 semanas. Estamos correndo contra o tempo, mas com muita responsabilidade”, diz.

O Elmo

O capacete de respiração assistida é composto basicamente de três componentes: uma argola rígida, por onde entram os tubos com provimento de oxigênio; uma base flexível de látex ou silicone, que se ajusta ao pescoço do paciente; e uma coifa de PVC, que é o capacete propriamente dito, montado sobre os outros dois componentes.

O protótipo do “Elmo” foi desenvolvido no Instituto SENAI de Tecnologia em Eletrometalmecânica, a partir de uma ideia apresentada pelo Superintendente da ESP, Dr. Marcelo Alcantara. O SENAI Ceará é um parceiro chave na viabilização do capacete, estando envolvido na elaboração do projeto técnico, no desenvolvimento e construção do protótipo, na busca de parceiros industriais para a produção de alguns componentes e nas fases de testes que já acontecem nos laboratórios do SENAI.

Para o presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, a união de esforços dos parceiros nesse momento é fundamental. “A FIEC fez questão de integrar esse projeto, que tem enorme potencial para salvar vidas e une academia, Indústria e governo. Por meio do SENAI Ceará, atuamos na elaboração e no desenvolvimento do protótipo do capacete”, disse. Para o professor Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor, “o mais relevante, nesse momento tão importante de combate à Covid-19, é a integração da academia, governo e indústria no desenvolvimento de uma tecnologia que vai ajudar no tratamento dos pacientes”, pontuou.

Informações: SENAI/CEFoto destaque: Divulgação SENAI