Ceará registra redução do índice de isolamento social; número de infectados cresce

28/04/2020 - Câmara Municipal de Fortaleza

O isolamento social é considerada a maneira mais eficaz de se evitar o
alastramento descontrolado de casos de Covid-19 no Brasil.

O Ceará tem experimentado altos e baixos no índice de isolamento social, de acordo com a empresa de inteligência de dados In Loco, que mede o índice com base na geolocalização de aparelhos celulares. No dia 22 de março, segundo dia após o decreto estadual que fixou o isolamento social, entrar em vigor, o chamado índice de isolamento social abrangia 71% da população cearense, no ultimo índice medido pela empresa, no domingo passado (26), a taxa de isolamento caiu para 61,7%, a quinta maior do Brasil. Segundo o Ministério da Saúde o índice ideal de isolamento social deve ser de 70%, no mínimo.

Mas nos dias de semana esse índice de isolamento tem caído abaixo de 50% de adesão. A média no Estado tem oscilado entre 54 a 55%. Durante esse período também, proporcionalmente, houve aumento do número de casos de Covid-19 no Estado, que hoje orbita em torno de 6.982 casos, com 415 mortes. A média de mortes por Covid-19 no Estado é de 9,6 por dia, sendo que 75,43% dos casos foram de pessoas que apresentavam comorbidades. Já a média de idade é de 68 anos. Com relação ao número de infectados a média chega a 193 novos casos, por dia, no Estado.

Fortaleza é o município com maior número de casos de Covid-19 no Ceará, com 5.494 casos confirmados (78% do total) e 328 mortes (79%). Além disso, existem 13.552 casos em investigação. A média na capital é de 152 pessoas com diagnóstico positivo diariamente e 9 óbitos.

Para o infectologista Ivo Castelo Branco está provado que o isolamento ou distanciamento social é a única maneira eficaz no Brasil para que os casos não se alastrem descontroladamente. Segundo ele, o Brasil está atualmente na “terceira onda” da pandemia, quando o vírus se alastra dentro do território comunitariamente. Observa que avaliando os erros e acertos de outros países que conseguiram controlar o número de casos, verificou que alguns investiram na disseminação dos diagnósticos laboratoriais e em medidas de restrições para pessoas contaminadas. “Esses países são a Coreia, o Japão, Singapura e a China que tiveram redução da letalidade e dos casos de infecção,” argumenta.

Já com relação a outros países como; a Itália, Espanha, Grécia, Estados Unidos e França, ele afirma que estão tendo maiores dificuldades por terem decidido fazer diagnóstico apenas nas pessoas com sintomas. “Sabemos que os sintomas só aparecem após 15 dias da contaminação e nesse período elas já contaminaram outras pessoas. Aqui no caso do Brasil, como os governos decidiram pela realização de testes só nas pessoas com sintomas e não em toda população, ficou definido a adoção do isolamento social. Em outros países onde houve a banalização da doença, por sua vez, a situação está muito pior, pois o serviço de saúde não tem como atender a todos”, ressaltou.

Para Ivo Castelo Branco,  só será possível pensar no fim do isolamento quando o país tiver estabilidade dos casos em pelo menos duas semanas seguidas e ter tido entre 30% a 40% da população sido acometida e curada da doença. “Em muitos casos, as pessoas ficam contaminadas mas não apresentam sintomas. Com a chegada da doença na periferia a situação piora, pois a precariedade sanitária e de desrespeito ao isolamento social pode agravar o número de casos. Todos nós devemos fazer nossa parte se precavendo e protegendo o outro. Temos que ser mais solidários. Todos perdem alguma coisa, mas não podemos perder vidas. Melhor vivo e sem dinheiro que com dinheiro e morto. Pois ninguém leva nada dessa vida”, concluiu.

Foto: Mateus Dantas