Covid-19: Como negociações podem ajudar a manter aluguéis de imóveis durante a pandemia

08/04/2020 - admin

A imobiliária Vettor Imóveis estimula negociações como a redução em 50% dos aluguéis e a suspensão do pagamento com cobrança parcelada somente após a crise provocada pelo coronavírus

Comércio para alugar na avenida Monsenhor Tabosa em Fortaleza

A pandemia de Covid-19 tem gerado prejuízos econômicos imensuráveis no mundo inteiro. No entanto, o momento de calamidade pública pede calma e sabedoria por parte de todos os cidadãos para enfrentar os desafios financeiros de forma justa e com a menor quantidade possível de danos. Neste contexto, algumas imobiliárias de Fortaleza se articulam para incentivar negociações entre locadores e inquilinos de imóveis residenciais e comerciais.

Vereadora Ana Aracapé

“É um momento muito trágico, o que estamos passando. Num momento desse, é abrir mão de cobrança de aluguel”, defende a vereadora Ana do Aracapé (DC). Segundo ela, é preciso estar atento ainda mais aos mais vulneráveis, que não têm como arcar com os custos mensais.

“Fomos atingidos por uma onda de rescisão de contratos e de inúmeros pedidos de suspensão de pagamento, de redução dos valores e, o que é pior, de pessoas que informam que não terão condições de arcar com o pagamento do aluguel, sem prejuízo de sua própria manutenção e de sua família”, admitiu Francisco Ventura Bizerril Neto, proprietário da Vettor Imóveis, em mensagem enviada recentemente aos proprietários de imóveis vinculados à sua imobiliária.

Comércio para alugar na avenida Monsenhor Tabosa em Fortaleza
Foto: Mateus Dantas

No entanto, para Ventura, que já contabiliza uma baixa de aproximadamente 30% no número de imóveis locados e de novas locações, aderir às negociações é a melhor saída para proprietários e inquilinos, uma vez que garante o vínculo e possibilita acordos. “Passada a crise, embora venha muita dificuldade, vamos manter inquilinos que pagavam em dia”, diz.

Esse pensamento, contudo, não é, ainda, segundo ele, consenso no setor imobiliário. “Tenho visto opiniões divergentes do que expressei no comunicado que fiz aos proprietários. Vejo imobiliárias que vão cobrar de qualquer forma o aluguel, vão cobrar multa, juros. Não há pensamento humanitário. Mais à frente, as imobiliárias vão ver que vão precisar se curvar às negociações. É uma coisa no mundo todo, as pessoas estão ficando sem renda”, argumenta Ventura.

Segundo o corretor de imóveis, algumas possibilidades para manter os aluguéis — entendendo as necessidades dos inquilinos e dos proprietários que, às vezes, dependem exclusivamente desta renda — são reduzir em 50% as parcelas dos próximos meses ou suspender aluguéis de abril e maio para cobrar de forma parcelada nos meses que sucederem à crise de saúde pública. “Jamais se imaginava, três meses atrás, uma situação dessa. Pelo contrário: tínhamos uma crescente de locação. O ideal é que a gente faça acordo”, reforça.

O apelo do empresário vale para imóveis residenciais e comerciais. Contudo, ele acredita que os imóveis que mais facilmente devem ser cortados neste período de isolamento social sejam os comerciais — que já somam a maior quantidade de registros de inadimplência este mês. “Pequenas lojas que abrigam pequenas empresas e que não podem abrir as portas vão enfrentar essa dificuldade. Se não houver acordo, terão que entregar (os espaços)”, lamenta.

Reportagem: Luana Severo

Foto: Mateus Dantas