Covid-19: secretários de Saúde do Estado e do Município apresentam panorama

03/04/2020 - Anna Regadas

Os gestores enfatizaram a importância do isolamento social para conter a propagação do coronavírus.

Em coletiva de imprensa realizada na noite desta quinta-feira, 2, o secretário de Saúde do Estado, Dr. Carlos Roberto, e a secretária de Saúde do Município, Joana Maciel, apresentaram o panorama da Covid-19 no Ceará e voltaram a defender a importância do isolamento social para achatar a curva de contaminação da doença. Em live nas redes sociais, o governador Camilo Santana (PT) também reforçou a necessidade das pessoas permanecerem em casa e informou que está avaliando a prorrogação do decreto que proíbe o funcionamento de serviços não essenciais.

De acordo com o secretário Carlos Roberto, o Estado já contabiliza 21 mortes pelo novo coronavírus, Covid-19, sendo 16 em Fortaleza e cinco no interior.  Das mais de 5 mil pessoas que já foram testadas, o órgão registrou a confirmação de 563 casos. Na quarta-feira (1º) eram nove mortes contabilizadas pela Secretaria da Saúde. 

Segundo boletim epidemiológico da Sesa, foram notificados 526 casos em Fortaleza e 16 mortes. Os óbitos estão distribuídos em 13 bairros da Capital. Os bairros de Fátima, Cocó e Meireles são os que têm mais casos; duas mortes em cada. Há ainda uma morte nos bairros Praia de Iracema, uma no Joaquim Távora, uma no Mucuripe, uma no Vicente Pinzon, uma no Cais do Porto, uma na Serrinha, uma na Boa Vista, uma no Damas, uma no Pici e uma no Conjunto Ceará.

Mapa apresentado durante a coletiva de imprensa

Para o secretário estadual de saúde, Carlos Cabeto, alguns dos óbitos desta quinta-feira, 2, aconteceram pela demora na procura de atendimento no sistema de saúde. “Alguns desses pacientes faleceram provavelmente por não terem procurado mais cedo o sistema de saúde. Quanto antes as pessoas buscarem o atendimento, a possibilidade do óbito diminui”, explicou.

Em relação ao número de infectados, a maior parte mora em bairros considerados zona nobre da cidade. A concentração visível no mapa de calor abrange Meireles, Aldeota, Mucuripe, Cocó e Guararapes, vizinhanças com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e renda média considerados altos e que foram as primeiras áreas da Capital a registrar casos.

“Isso reflete que a epidemia se iniciou por casos importados, pessoas que chegaram de outros países com infecção e também outras partes do Brasil onde já havia a doença, como São Paulo”, pontuou Antônio Lima, gerente da célula de Vigilância Epidemiológica do Município. 

Antônio Lima relatou que a grande maioria dos óbitos foram registrados pela rede de saúde privada, mas ponderou que embora os casos ainda estejam concentrados na área mais rica, já foram confirmados em 50 bairros da capital cearense. Segundo o gerente, a doença agora tende a chegar nas áreas mais vulneráveis, e por isso a importância de conscientizar a população para que permaneçam em casa neste período.

A secretária Joana Maciel reforçou a necessidade de controle nesse momento e pediu o empenho da sociedade para o isolamento social. “Nessa fase de dispersão e disseminação da doença, a prevenção é essencial e devemos continuar informando a população sobre a importância do isolamento social e de ficar em casa para diminuirmos a velocidade da infecção e a contaminação de vírus”, destacou. A secretária ainda orientou as pessoas para procurarem os postos de saúde caso apresentem sintomas leves e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), caso tenham sintomas mais graves.

“É muito importante essa contenção para que o sistema de saúde possa dar conta e temos fatores importantes que devemos levar em contar para enfrentarmos essa pandemia: reconhecer adequadamente os casos de risco, manter o isolamento social de forma eficiente, treinamento  das equipes de saúde, o uso de equipamento de proteção individual para não aumentar a contaminação dos profissionais de saúde e a utilização de setores adequados para os pacientes”, afirmou o secretário.

Com o aumento do número de casos, a grande preocupação da população é se o sistema público de saúde terá a capacidade de atender todos os pacientes com Covid-19 no Estado. O secretário Carlos Roberto informou que há pesquisadores analisando diariamente os índices e fazendo projeções para que não haja uma sobrecarga do sistema, e ressaltou que a ampliação do número de leitos nas unidades tanto do Estado como do município atende às perspectivas que foram feitas. O gestor enfatizou, no entanto, que as pessoas devem permanecer em casa para que não haja um crescimento acelerado dos números de casos.

De acordo com secretário há uma projeção de necessidade mil leitos de UTI em três meses, somente para tratar do Covid-19. “Tudo que definimos é em cima de estudos, pesquisadores que estão analisando diariamente para que a gente conheça qual vai ser nosso ponto de saturação”, afirmou. Segundo o gestor, a perspectiva agora é que o pico ocorra até maio.

Ampliação de leitos

O Governo do Estado está ampliando a rede pública em 574 leitos até o momento (224 de UTI e 350 de internação) para garantir o atendimento dos pacientes com coronavírus. Foram 230 leitos com a solicitação do hospital Leonardo da Vinci para atender com exclusividade pacientes com o coronavírus; autorização da montagem de três Hospitais de Campanha anexos ao Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital do Coração e Hospital Geral Cesar Cals, com 50 leitos em cada, totalizando mais 150 na Capital; e outros 150 leitos no interior, sendo 50 em cada hospital regional – Sobral, Quixeramobim e de Juazeiro do Norte. Além de mais 44 leitos em parceria com a Prefeitura de Fortaleza com o IJF2.

A Prefeitura de Fortaleza também está ampliando a rede de saúde para reforçar o enfrentamento ao novo coronavírus na Capital. Até maio, serão 621 leitos disponíveis aos pacientes diagnosticados com Covid-19, distribuídos no Instituto Dr. José Frota (IJF2); nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Edson Queiroz, Vila Velha, Bom Jardim, Jangurussu e Itaperi; e no hospital temporário no Estádio Presidente Vargas.