Cartilha Educativa de Prevenção à Automutilação e Suicídio é lançada na Câmara Municipal

24/09/2019 - Câmara Municipal de Fortaleza

A Câmara Municipal de Fortaleza sediou, nesta terça-feira (24), o lançamento da cartilha “Alegria de Viver”, de autoria da psicopedagoga Andréa Lima, que foi publicada pelo mandato da vereadora Priscila Costa (PRTB). A solenidade, realizada no auditório vereador Ademar Arruda, foi presidida pela própria vereadora Priscila Costa e a mesa de honra contou com as […]

A Câmara Municipal de Fortaleza sediou, nesta terça-feira (24), o lançamento da cartilha “Alegria de Viver”, de autoria da psicopedagoga Andréa Lima, que foi publicada pelo mandato da vereadora Priscila Costa (PRTB). A solenidade, realizada no auditório vereador Ademar Arruda, foi presidida pela própria vereadora Priscila Costa e a mesa de honra contou com as presenças da psicopedagoga e professora Andréa Lima; do Promotor da Infância e Juventude de Fortaleza, Sérgio Louchard; do coordenador do Celebrando Restauração da Igreja Batista Central e vice-presidente do Conselho de Políticas sobre Drogas de Fortaleza, Nelson Massambani; enfermeiro emergencista da Unidade de Pronto Atendimento e Coordenador do Curso Técnico em Enfermagem da Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Mário Alencar, Rafael Braga; da professora Luísa Weber Bisol; da deputada Érika Amorim e do vereador Jorge Pinheiro (DC).

A vereadora Priscila Costa disse que o suicídio é a segunda causa de mortes entre os jovens no Brasil. Disse que entre 2011 e 2018 houve crescimento de 32% dos casos no país. “No Brasil são 12 mil pessoas que se suicidam por ano, mil por mês. Nos deparamos também com o dilema da automutilação. Não temos números fechados, mas entre dez adolescentes dois praticam. Como cidadão, o que posso fazer para ajudar a sociedade nesse sentido? É difícil ter um diagnóstico de nossa sociedade nesse sentido. Hoje, podemos ter um número de uma pessoa que tirou sua própria vida. Ela se transforma em estatística. Mas quem tentou não entra. O sofrimento não consta. Em 2018, trouxe para essa Casa uma ideia que vinha ganhando força entre os professores que a proposta que no município seja obrigatória a notificação de tentativas e de automutilação”, frisou.

Segundo ela, com essa ideia será possível criar números com seriedade e compromisso para alertar a sociedade e pedir verbas e ações em prol da vida. “Mas para nossa surpresa entrou novo governo e em maio o ministro Osmar Terra apresentou um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio e Automutilação e colocou nossa ideia, criada aqui em Fortaleza para todo o Brasil. Esse é um pequeno passo. Um olhar responsável”, ressaltou.

Priscila destacou que a cartilha é um instrumento de conhecimento, compreensão e ajuda. “Sabemos que 90% dos casos pode ser prevenível. A cartilha ajudar a identificar e aproximar de alguém que você notificou e precisa de ajuda. É estranho falar de pessoas que tiram a própria vida, pois a maioria é jovem. Para nós, os jovens são os que pensam no futuro e lutam pela vida. A gente pergunta o que tem gerado o sofrimento dessa pessoa? Está muito ligado a falta de sentido da vida. A vida atual é tão interativa, superconectada às redes, mas desconectada na vida real. O avanço tecnológico que nos traz informações em tempo recorde, e com tantas interações onde procurar o sentido da vida? Vejo que é o abandono e a forma de se relacionar pelas redes”, enfatizou.

Ela entende que a família é que pode trazer esse sentido, “não adianta terceirizar a cura da alma. A única instituição que pode fazer nascer na alma do homem o sentido da vida. Nos deparamos com movimentos ideológicos que querem destruir o significado e a função da família. Nós enquanto estados devemos elevar o sentido da família, de pai e de mãe. É lá que nasce o sentido da vida e o prazer de viver”, concluiu.

A psicopedagoga Andréa Lima falou sobre o conteúdo da cartilha. “Quero agradecer a presença dos professores, religiosos, pais e mães que serão muito importantes da divulgação desse trabalho. Temos os alunos do projeto Restaurar, que estou assessorando. Vocês que estão aqui podem fazer a diferença. Podemos ver o outro com outra perspectiva. Que possamos todos nós nos unirmos no propósito de ajudar as outras pessoas”, frisou.

Ela asseverou que a ideia da criação do personagem Téo foi para alcançar o maior número de pessoas. Primeiro escrevi um livro o “Psicomorfose”, que tem sido utilizado por muitos professores, pais e escolas, e que fala do analfabetismo emocional. “É como desconhecer as letras. Fala como você pode fazer uma viagem para dentro de si, o autoconhecimento. Fiz um projeto que tem apoio de profissionais de várias áreas para levarmos o Psicomorfose nas escolas e o público que escolhi foi o jovem. Demos palestras e surgiu o desejo de ampliar esse projeto. Fiz outro livro ‘Depressão como curar a dor da alma’ que tem um capítulo que fala da ‘Alegria de Viver’ e ai procurei a vereadora Priscila e falei do meu desejo de criar uma cartilha para ser distribuída gratuitamente nas escolas, o público é de 12 aos 19 anos e ela aceitou”, detalhou

Pontuou que na capa da cartilha tem o Téo e dois amigos que o ajudam a superar as dificuldades. “O Téo está acima do peso. Coloquei com essas roupinhas de manga comprida, porque os jovens vestem roupas assim para esconder a automutilação. A cartilha conta a história desse jovem de 17 anos, que primeiro passa por uma crise existencial, mistura a questão da autoestima, autoimagem. Quando a pessoa descobre quem eu é, tem uma jornada mais produtiva. A cartilha tem exercícios de autoconhecimento. Onde o aluno vai colocar suas anotações pessoais”.

Destacou ainda, que o personagem Téo tem problemas pessoais, como pai alcoólatra, e tem os pais separados. “Procurei pegar algo que alcançasse mais jovens. Ele sofre de bullying. São vários temas sugeridos que podem ser trabalhados o ano inteiro na escola. Infelizmente não temos psicólogos nas escolas que poderiam aplicar o estudo com maior propriedade, mas criamos um curso de capacitação para pessoas que estão atuantes na sociedade. Vão receber uma educação psicoeducativa e psicossocial, se não temos como ter um profissional em cada escola podemos capacitar alguém para auxiliar”.

Andréa revelou que a automutilação choca porque é algo físico. “Os pais chegam chorando no consultório. É um sinal de alerta que algo está acontecendo e é muito sério. O que leva uma pessoa a cometer suicídio? Coloquei alguns tópicos, como; psicose, questões familiares, perda de figura parental na infância, falta de resiliência, estresse com temas vergonhosos, abuso de drogas e álcool, fugir de uma situação desagradável. Como educadores, podemos discutir esses assuntos, temos cinco fatores mentais que levam ao suicídio, tais como a bipolaridade, o alcoolismo, a droga, a depressão. As pessoas têm que ter cada vez mais assistência na área de saúde mental, pois 90% dos casos de suicídio podem ser evitados”, avaliou.

“O que fazer? Precisamos fazer trabalho de prevenção e posvenção. A prevenção é uma chave que pode abrir uma nova rota, e aumentar o acesso a serviços clínicos. Devemos começar a exigir isso do poder público, para podermos ter uma melhoria nesse atendimento. Vamos ter o curso presencial aberto para qualquer pessoa. Vamos ter uma equipe multidisciplinar. Como essa cartilha será reproduzida? Quem conhecer interessados em reproduzir colocamos o material a disposição”, concluiu.

Se pronunciou também o vereador Jorge Pinheiro, que agradeceu a ação efetiva da vereadora Priscila Costa e de Andréa Lima. Ele lembrou que recentemente promoveu uma audiência sobre a importância da psicopedagogia nas escolas. “Lutamos para que todos tenham vida e vida em abundância. Apresentamos o projeto que vai discutir em setembro anualmente os resultados do programa municipal de prevenção e posvenção do suicídio. E outro é o Abril Blue que discute a prevenção”.=, revelou.

Falaram, ainda, o promotor da Infância e Juventude de Fortaleza, Sérgio Louchard; o coordenador do Celebrando Restauração da Igreja Batista Central e vice-presidente do Conselho de Políticas sobre Drogas de Fortaleza, Nelson Massambani; enfermeiro emergencista da UPA e Coordenador do Curso Técnico em Enfermagem da Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Mário Alencar; professora de psiquiatria da UFC, Luísa Weber Bisol

No final, a vereadora Priscila Costa disse que recebeu um telefonema da União dos Vereadores do Ceará (UVC) que pediu para que ela disponibilizasse a cartilha para que todos os vereadores do Ceará possam reproduzi-la e distribuí-la gratuitamente em seus municípios. No final foi feita uma oração pelo Pastor Teixeira.

Fotos: André Lima