Câmara entrega o Título de Cidadão de Fortaleza a Cláudio Correia

03/07/2019 - Câmara Municipal de Fortaleza

Em Sessão solene, a Câmara Municipal realizou a entrega do Título de Cidadão de Fortaleza ao Senhor José Cláudio Correia Primo, nesta quarta-feira (03), no plenário Fausto Arruda. A solenidade foi proposta através do Decreto Legislativo 881/2019, oriundo do projeto de Decreto Legislativo 09/2019, de autoria do vereador Márcio Martins (PROS). Conforme o parlamentar, o […]

Em Sessão solene, a Câmara Municipal realizou a entrega do Título de Cidadão de Fortaleza ao Senhor José Cláudio Correia Primo, nesta quarta-feira (03), no plenário Fausto Arruda. A solenidade foi proposta através do Decreto Legislativo 881/2019, oriundo do projeto de Decreto Legislativo 09/2019, de autoria do vereador Márcio Martins (PROS). Conforme o parlamentar, o objetivo é prestar uma justa homenagem ao ator, autor, dramaturgo e diretor teatral Cláudio Correia, pelos valorosos empenhos dedicados à sociedade alencarina, como incentivador da cultura no município de Fortaleza

A sessão foi presidida pelo próprio vereador Márcio Martins, no ato representando o presidente do Poder Legislativo, vereador Antônio Henrique (PDT). A mesa de honra foi composta pelas seguintes personalidades: Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde; Vicente de Paula, irmão do homenageado; Lucineide Souto, poeta e contista; Poliana Santos, presidente da Comissão Cearense de Folclore; Eliardo Ximenes Rodrigues, ex-diretor da Teleceará e Fátima Freires, presidente da Fequajuce.

Em sua saudação ao homenageado e aos presentes, o vereador Márcio Martins disse que o título é algo pequeno diante de tanto que o homenageado contribui com a cultura de Fortaleza e do Ceará. “Me perguntaram que área da Cultura ganha com esse título. Disse que nós todos, pois Cláudio Correia deveria ser cidadão do mundo. Nas culturas civilizadas dão valor aos mais velhos, por isso eu o chamo com carinho de meu velho. Que esse seja um dos vários reconhecimentos que você receberá. Esse título para ser aprovado nesta Casa precisa de quorum qualificado Todos os vereadores aprovaram e alguns subscreveram por reconhecer sua trajetória”, disse.

“Cláudio dorme e acorda pensando em cultura. Mais tem uma coisa que ele faz melhor, que é o servir. Seja o preto, branco, pobre, rico, gay, hétero, todos. Diante dessa delicadeza e presteza as vezes as pessoas se aproveitam. Disse a ele para dividir a vida como se fosse pastas de computador, colocando em cada um as pessoas que convivem com ele. Que seria do nosso João se não fosse a Praça Isabel Correia? Tantas pessoas aprenderam lá. Na roda desse ano com os novos avaliadores, foi de muita alegria e informalidade. Saia daqui hoje com o certificado de que você é Cidadão de Fortaleza, mas, na verdade, você já era. É cidadão do mundo. Cidadão do bem!”, ressaltou.

Em seguida, aconteceu a apresentação do coral do Canto da Apá, com condução da maestrina e cantora Aparecida Silvino, com as músicas “Meu Desejo” e “Meu Xodó”. As homenagens continuaram com a apresentação dos maracatus Az de Ouro, Nação Baobá, Vozes da África e Rei Zumbi, que tomaram conta do plenário com suas loas. Logo em seguida, foi a vez do Grupo Cordapés (Companhia de Ritmos e Danças Populares), que apresentaram uma dança.

Em nome dos familiares do homenageado falou a doutora Mayra Pinheiro, sobrinha do homenageado. “O coração tá cheio, não é difícil tio Cláudio falar do senhor. Minha avó teve 11 filhos, mas fui a primeira neta. Fui criada na casa da minha vó e tive uma infância diferente. Quando meu avô morreu precocemente ela seguiu e criou seus filhos, muitos se tornaram artistas. Meu tio sempre presente em minha vida. Foi ele que me deu a primeira boneca, tive uma música só pra mim, aprendi a gostar de maracatu e da música de cantores cearenses. Ele ensinou os sobrinhos e filhos a amar e respeitar a arte. Por isso, que hoje, nós membros da família de vários cantos viemos aqui prestigiá-lo. Foi ao longo da história uma ser extraordinariamente simples, belo, que faz da vida arte! A noite é sua, mas o presente da sua vida é nosso”, asseverou.

Logo em seguida, homenageado fez seus agradecimentos, destacando que chegou em Fortaleza em 1958, em cima de um caminhão. “Meu pai, minha mãe, com uma filha na boleia do caminhão e nove filhos e uma cachorrinha na carroceria. Quero ser grato ao meu tio Antônio Correia que me acolheu. Estudei em colégios com nomes de santos Dom Bosco, São João, Santa Luzia e São José, deveria ser santo!. Vendi ovos com meus irmãos nas ruas de Fortaleza. Eu te amo Fortaleza, que me fez crescer. Tive uma mãe que nunca nos ensinou sobre uma conta bancária, ou que o filho fosse estudar para ser engenheiro. Era uma mulher que fazia flores. Nunca vi minha mãe chorar de tristeza, mas ela nos viu chorar de fome”, detalhou.

O resultado foi tudo que consegui na vida, caráter, simplicidade e dignidade. Tudo que fiz até hoje, devo a Teleceará. Ela me ensinou a ser poeta, a gostar de folclore. Estou aqui ao diretor da época da Teleceará, Eliardo que foi quem me deu as oportunidades. Não tenho saudade do passado, pois ter saudade é chorar. Agradeço aos maracatus da cidade, que respeito. E hoje aqui presentes. Muito obrigado por terem me respeitado por tanto tempo. Vai ficar aqui o eterno menino de Várzea Alegre, que colhia bogaris e comia doce de leite das minhas tias. Como era bom ser feliz em Várzea Alegre como era bonito ter infância”, recordou.

No final disse que aprendeu muito com o vereador Márcio Martins. Não o vejo como político, mas como amigo, um filho ou sobrinho. Que me chama de rabugento, mas é difícil um velho que não seja rabugento, mas é porque gosto das coisas certas. Esse certificado que recebo é de papel, mas as letras são de ouro. A todos meus amigos, que me toleraram e me suportaram até hoje, principalmente os meus amigos da cultura minha eterna gratidão. E lembrar que a gente não é feliz só uma vez, é preciso acreditar que a felicidade é eterna,” concluiu.

Perfil

Jose Cláudio Correia Primo, filho de José Primo de Carvalho e Isabel Correia Primo, natural de Várzea Alegre — Ceará, nascido em 18 de setembro de 1944. Graduado em letras pela Universidade Estadual do Ceará. Exerceu atividade profissional em várias empresas, tais como: Fábrica de sobrinhas, TV Ceará, Telecomunicações do Ceará S.A., onde prestou 32 anos de serviço e recebeu os broches de prata e ouro.

Lançou o projeto bom menino, hoje conhecido como adolescente bolsista e por 18 anos exerceu o cargo de diretor de promoção socioesportivo e cultural da associação dos empregados da Teleceará. Em 1982 criou o primeiro coral empresa do Ceará, no caso coral da Teleceará. Sendo coordenador e integrante do mesmo até o ano de 2000, oportunidade em que recebeu o troféu reconhecimento quando do lançamento do único CD gravado pelo coral. Criou e foi o primeiro Presidente da Federação Cearense de Corais e realizou 03 festivais de corais pela Teleceará com caráter nacional.

Em 1978 iniciou-se no carnaval de Fortaleza, quando conquistou o primeiro lugar na categoria escola de samba, como poeta e compositor do samba de enredo da escola Unidos do Pajeú. Criou e coordenou a oficina de artes plásticas dos empregados da Teleceará, onde foram revelados mais de 50 artistas plásticos, também criou e publicou 3 antologias com poetas da Teleceará.

Escreveu, produziu e apresentou na antiga TV Educativa o programa Coisa Nossa, além disso, escreveu a coluna falando sério no jornal Tribuna do Ceará, com assuntos referentes as diversas linguagens de cultura da terra.

Artista performático em shows para idosos no Conjunto Timbó em Maracanaú – Ce.

Nos anos 80/90 foi jurado de manifestações juninas e do carnaval de rua de Fortaleza, em 1996. Criou a oficina de teatro da Teleceará e em 1998 assumiu a presidência do maracatu Vozes da África, quando apresentou o referida maracatu por duas vezes, em cidades da França, participando do festival de folclore do mundo. Em 2008 criou o Maracatu Nação Pitaguary de Maracanaú (hoje o maracatu se encontra licenciado).

Em 2014 tomou-se poeta imortal, ocupando a cadeira número 20, no Ceará, pelo Conselho Internacional dos Acadêmicos em Letras, Artes e Ciências.

De 2015 a 2017, participou do Conselho de Jurados da Federação de Quadrilhas Juninas do Ceará, e foi Presidente do conselho até 2017. Realizou diversas palestras em escolas públicas sobre a cultura afro-brasileira.

Foi presidente de honra da companhia de ritmos e danças populares do ceara – cordapés, grupo sediado no bairro Palmeiras. Ator por 4 anos do grupo de teatro balaio.

Em 2018 foi efetivado como membro oficial da comissão cearense de folclore, por serviços prestados a cultura da Teleceará, como formador de opinião, recebeu honraria da Telebrás, empresa que administrava o serviço de telecomunicações do Brasil. É integrante do Maracatu Nação Baobab atuando como primeiro secretário, autor dos temas e carnavalesco.

É jurado federado pela federação das quadrilhas juninas do ceara, atuando na capital, cidades do interior e em outros estados do brasil.

Em 2019, receberá o troféu destaque do teatro cearense, por ter criado o primeiro grupo de teatro-empresa do Ceará, a homenagem aconteceu no dia 27 de março, quando se comemora o dia mundial do teatro.

Em forma de gratidão à cidade de Fortaleza, ele interpreta uma primorosa canção em homenagem especialmente a este Município e ao Estado do Ceará.

Fotos: André Lima